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Pensamento Judaico

Por acaso os judeus são melhores que os outros?

Há quem ache que sim – afinal eles são laureados com o Prêmio Nobel praticamente todo ano…
Mas, na verdade, a resposta do judaísmo é que NÃO!
E quem difunde essa falácia normalmente esconde sua verdadeira intenção.

A seguir, apresento um texto do rabino (ortodoxo moderno) Benjamin Blech, extraído do seu genial “O mais completo guia sobre Judaísmo”, que toca em pontos importantes sobre esse assunto. É um livro que vale a pena conhecer. Em seguida, sugiro algumas leituras – também de rabino ortodoxos – para que você, caro leitor, judeu ou não judeu, entenda que a Torá não pertence apenas ao povo judeu, mas sim, a toda a humanidade, pois vivemos todos no mesmo mundo e só teremos um bom futuro para os nossos filhos e netos quando aprendermos a viver bem juntos. Na minha opinião, só assim faz sentido ser judeu!
Jairo Fridlin

 

O judeu e o mundo

Há uma piada em iídiche em que um judeu se queixa para Deus: “Meu Deus, Você nos escolheu entre todas as nações. Então me diga: o que Você tem contra nós?”

Sim, os judeus acreditam que são diferentes do resto do mundo. Isto não está baseado em nenhum sentimento de superioridade racial, como algumas pessoas dizem. Isto obviamente não é verdade, pois o judaísmo aceita convertidos. De fato, uma das convertidas mais famosas tem um livro da Bíblia com seu nome: o Livro de Rute – ex-moabita que se tornou ancestral do Rei David. Um dos maiores judeus que já existiu nem mesmo descende de genes racialmente judaicos! O judaísmo é uma religião, não uma raça. Os judeus são um povo em virtude de sua crença, não de seus antepassados. Sua singularidade não está em terem sido escolhidos, mas no fato de poderem dispor da sabedoria de escolher corretamente.

O Midrash conta que Deus voltou-Se para todos os povos do mundo e perguntou-lhes se queriam aceitar a Sua Torá. Cada um deles perguntou: “O que está escrito nela?” Quando foram informados de algumas das leis estritas, recusaram. Para alguns, o problema foi o adultério; para outros, roubo ou assassinato. As nações à época da Revelação (século 13 A.E.C.) simplesmente não estavam preparadas do ponto de vista cultural, moral e ético. Somente os judeus aceitaram a Torá de boa-vontade. É isso o que faz deles não o povo escolhido, mas o povo que escolhe.

Um reino de sacerdotes

Deus ordenou a Moisés para dizer ao povo judeu, quando este estava prestes a aceitar a Torá: “E vós sereis para Mim um reino de sacerdotes e um povo santo…” (Êxodo 19:6). Os comentadores bíblicos argumentam: mas os judeus não eram todos sacerdotes. Se somente um número determinado de pessoas entre o povo tinha esta função, então por que Deus deu este título a todos? A resposta é: aquilo que os sacerdotes eram para o povo judeu, todos os judeus deveriam ser para o mundo inteiro. É isto o que o profeta Isaías quis dizer quando, muitos anos mais tarde, no século 8 A.E.C., disse aos judeus que sua missão era a de ser uma “luz entre os povos” (Isaías 9:6). Não se espera dos judeus que ignorem o resto do mundo; eles têm a obrigação de inspirá-lo. Os judeus não podem sentir-se superiores ao restante da humanidade; eles devem tão somente sentir que têm a obrigação de servir como um exemplo moral, de modo que os demais sigam seus caminhos. Ser judeu, tal como os judeus entendem, mais do que um presente, é uma responsabilidade. É uma obrigação ensinar os outros e compartilhar com eles sua sabedoria – não somente com outros judeus, mas com toda a humanidade.

A visão messiânica

Este comprometimento em aperfeiçoar o mundo é o que serve de fonte para a visão judaica do fim dos dias. Um judeu otimista não é alguém que diz apenas que o copo está metade cheio em vez de metade vazio; um judeu verdadeiramente otimista diz: “Espere só um pouquinho mais e você verá que o copo estará completamente cheio”.

Para alguns, a História é uma triste saga que conta e reconta o declínio e queda de uma série de impérios. Para o judeu, a História é um relato com o roteiro escrito por Deus, cujo final feliz é preordenado por Ele. A visão messiânica nos assegura que virá um tempo em que “uma nação não erguerá sua espada contra outra nação, nem aprenderão, nunca mais, a arte da guerra”. As pessoas viverão juntas em paz e tranquilidade, e aprenderão a viver segundo os mandamentos escritos nas duas tábuas. Os judeus não podem somente esperar pela chegada desse tempo; eles sabem que é responsabilidade deles fazê-lo acontecer.


Algumas obras de referência para aprimorar seu conhecimento sobre os temas:

Para Curar um Mundo Fraturado
Jonathan Sacks


A Torá da Humanidade
Ury Cherki


Uma Letra da Torá
Jonathan Sacks


Sob Tua luz
Aharon Lichtenstein

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