E contareis para vós desde o dia seguinte ao primeiro dia festivo, desde o dia em que tiverdes trazido o ômer da movimentação – sete semanas completas serão. Até o dia seguinte da sétima semana contareis 50 dias” (Levítico 23:15-16).
Esses versículos nos ordenam a contar sete semanas desde o momento em que o ômer – a nova oferenda de cevada – fosse trazida ao Templo de Jerusalém; ou seja, desde o dia 16 de Nissán. Começamos a nossa contagem na segunda noite de Pêssach [noite do segundo sêder fora da Terra de Israel], continuando noite após noite até Shavuót, o 50º dia [desde a oferenda]. Na realidade, só contamos 49 dias, pois, segundo a tradição dos nossos sábios, neste caso específico, 50 significa até o 50º dia.
» Constitui uma mitsvá cada um fazer a sua própria contagem dos dias do ômer, uma vez que a Torá declara: “E contareis para vós.” Essa mitsvá vigora também hoje em dia, muito embora o Templo não esteja mais em pé e não possamos mais trazer a oferenda de ômer. Há quem a considere atualmente como uma obrigação rabínica.
» O momento ideal da contagem do ômer é logo no início da noite, pois o versículo estabelece que sejam contadas sete semanas completas, e a contagem só pode ser completa se for iniciada logo no começo do dia 16 de Nissán e mantida assim ao longo de todo o período de 49 dias.
» Ao anoitecer, deve-se primeiro recitar a reza de Arvit, pois a mitsvá de Arvit e de recitar o Shemá é obrigatória em todos os dias do ano, e uma mitsvá frequente tem prioridade perante uma mitsvá que não é executada com frequência. Assim que terminada a amidá, conta-se o ômer. Se alguém não puder fazer a contagem nesse momento, poderá cumprir a mitsvá durante todo o resto da noite; caso se esqueça de fazer a contagem durante a noite, poderá fazê-la durante o dia, mas sem recitar a respectiva bênção.
» Antes de fazer a contagem deve-se recitar a bênção de al sefirát haômer. Faz-se a contagem de cada dia pronunciando-a em voz alta, no seguinte formato: “Hoje é dia tal [da contagem] do ômer.” Assim, na primeira noite é dito: “Hoje é dia um [da contagem] do ômer,” e na segunda noite é dito: “Hoje é dia dois [da contagem] do ômer.” Algumas congregações costumam dizer baômer (no ômer), enquanto outras dizem laômer (do ômer).
O texto para a Sefirat Haômer encontra-se no SIDUR COMPLETO, págs. 210-215; e no SIDUR COMPLETO SEFARADI , págs. 160-163.
» Essa prática é seguida até o sétimo dia, quando o formato é levemente modificado: “Hoje é dia sete, ou seja, uma semana, [da contagem] do ômer.” As congregações que seguem o rito sefaradita dizem: “Hoje são sete dias do ômer, que perfazem uma semana”, sempre justapondo a palavra ômer ao número do dia, e não à contagem das semanas. A partir do sétimo dia, a contagem das semanas é acrescentada à contagem dos dias; por exemplo: “Hoje é dia oito, ou seja, uma semana e um dia, [da contagem] do ômer,” ou, segundo os sefaraditas: “Hoje são oito dias do ômer, que perfazem uma semana e um dia.” Se alguém recitar por engano apenas a contagem dos dias ou das semanas, será preciso refazer a contagem, mas sem repetir a bênção.
» Ao contar o ômer, a pessoa deve utilizar as formas gramaticais corretas [por exemplo, a palavra iamím até o dia 10 e a partir de então a palavra iom, e a forma masculina para a contagem das semanas].
» A pessoa deve ficar em pé ao pronunciar a bênção e a contagem do ômer, conforme consta no versículo (Deuteronômio 16:9): “Desde que a foice for colocada contra o grão ereto.” Mas se fizer a contagem sentada, terá cumprido a obrigação. Depois da contagem, recita-se o seguinte: “Ó misericordioso! Faça restabelecer o serviço do Templo, em seu lugar, prontamente, em nossos dias, amên.”
» Conforme mencionado acima, deve-se fazer a contagem no início da noite – ou seja, assim que as estrelas aparecerem. Quem fizer a contagem antes, no crepúsculo [após o pôr do sol], não precisará tornar a contar depois da saída das estrelas, embora seja recomendável fazê-lo, sem contudo repetir a bênção.
» Se depois do crepúsculo alguém perguntar qual é a contagem dessa noite, quem ainda não tiver cumprido a mitsvá da contagem não deve dar como resposta o número correto, senão terá pronunciado a contagem sem a recitação prévia da devida bênção – e sem poder repetir essa mesma contagem com uma bênção, uma vez que já terá cumprido a obrigação ao especificar o número de dias. A resposta correta é a seguinte: “Ontem à noite foram tantos dias.” Deve-se tomar maior cuidado em Lag Baômer – o 33º dia do ômer – pois basta referir-se a esse dia para recitar o seu número (pois Lag = 33).
» Antes de recitar a bênção, é preciso saber qual será o número contado. Mas se alguém recitar a bênção desconhecendo o número da contagem e só pronunciá-lo após escutar a contagem de um colega, a sua obrigação terá sido cumprida.
» Quem recitar a bênção achando que sabe a contagem do dia, mas perceber que estava enganado depois de ouvi-la sendo recitada por outros, pode prosseguir recitando a contagem correta sem precisar repetir a bênção.
» Quem recitar a bênção mas se equivocar fazendo a contagem errada, se perceber o lapso tóch kedei dibur [em até 3 segundos] ininterruptos, poderá corrigir-se contando o número correspondente a esse dia sem precisar repetir a bênção. Caso contrário, deverá recitar a bênção novamente e fazer a contagem correta.
» Quem se esquecer de fazer a contagem do ômer à noite poderá ainda contá-lo durante o dia seguinte, mas sem recitar a bênção, e poderá também continuar fazendo a contagem nas noites subsequentes recitando a bênção. Mas se deixar de fazer a contagem à noite e durante o dia seguinte, nas noites subsequentes não poderá mais recitar a bênção ao contar o ômer – mas ainda assim deverá continuar a contar.
» Quem não estiver certo de ter feito a contagem anterior do ômer, poderá continuar a contar os dias restantes recitando a bênção.
» As mulheres são isentas de cumprir a mitsvá da contagem do ômer, mas podem fazê-lo; o costume é que não recitem a bênção. Mas as que têm o hábito regular de rezar podem recitar a bênção.
» Costuma-se recitar o salmo 67 logo após a contagem, pois ele contém 49 palavras, que correspondem aos dias do ômer. [É válido observar que a contagem de 49 palavras desse salmo está baseada na tradição, sendo que algumas palavras são contabilizadas como uma só.]
» Fora da Terra de Israel, há quem costume fazer a contagem do ômer no final do segundo Sêder, no dia 16 de Nissán. Quem tem esse costume faz a contagem no final do sêder e não antes, pois se a contagem fosse pronunciada antes do Sêder, se estaria declarando que esse seria o dia 16 de Nissán, e o segundo Sêder, que é observado devido à dúvida de que essa data seja de fato o dia 15, pareceria supérfluo.
» Os pios e justos costumam ler a porção da Torá que trata da oferenda do ômer no final do Sêder, [e fora da Terra de Israel, no final do segundo Sêder]. Fazer essa leitura é como cumprir a obrigação na prática, conforme as palavras do profeta (Oseias 14:3): “Aceita o pronunciamento de nossos lábios em substituição à oferenda de novilhos.” Várias comunidades sefaraditas na Terra de Israel costumam ler essa porção antes da primeira contagem do ômer.
Trecho extraído da obra Livro do Conhecimento Judaico [Sêfer Hatodaá], O Ano Hebreu e Seus Dias Significativos
Autor: Eliahu Kitov
Editora Sêfer
Páginas: 656
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