O perÃodo entre as festas de Pêssach e Shavuót é o tempo da Contagem do Ômer – a contagem de sete semanas, 49 dias, que separam essas duas festas de peregrinação no calendário judaico. Como se sabe, esse perÃodo é de semiluto por causa das tragédias históricas que ocorreram ao povo judeu durante essa época. A primeira delas, como nos recorda o Talmud, foi a morte de 24 mil discÃpulos do Rabi Akiva durante a época de Adriano, no século 2 da e.c. Por causa disso, o Rabi Akiva ficou para sempre ligado ao perÃodo da sefirá. Ele foi um das figuras dominantes no Midrash e no Talmud e uma das figuras mais heroicas em toda a história judaica. Podemos mesmo dizer que sua vida se constitui no exemplo clássico de um comportamento sagrado sob as circunstâncias mais adversas e negativas. É a verdadeira tragédia dos eventos de sua vida que lhe proporcionou a grandeza e a estatura de ser o modelo de herói para todas as gerações futuras dos judeus.
Ele veio de uma famÃlia de convertidos. Mesmo mais tarde, quando foi reconhecido como o maior erudito de sua geração, sua falta de pedigree impediu que fosse indicado como nassi – o lÃder do San’hedrim. Entretanto, ele permaneceu como exemplo máximo da grandeza que os conversos ou os descendentes de conversos trouxeram ao povo judeu através dos tempos. Nas primeiras décadas de sua vida, ele era um judeu completamente iletrado e ignorante. Como se isso não bastasse, ele também admitia francamente que, naquela época, nutria ódio aos eruditos na Torá de seu tempo. Sua inspiração para estudar a Torá veio de sua esposa Rachel, filha de Calba Savúa, o judeu mais abastado de seu tempo. O Rabi Akiva era um pastor como o foram Jacob, Moisés e David – um empregado de Calba Savúa. Rachel amava Akiva e o mandou estudar na ieshivá do grande Rabi Eliezer, enquanto seu pai, zangado com sua escolha, deserdou os dois. O Rabi Akiva viu uma pedra que tinha sido desgastada por gotas d’água que caÃam ininterruptamente sobre ela. Ele se aplicou diligentemente ao estudo da Torá – comparada à água da sabedoria que pinga sobre a rocha da ignorância e abre lugar para o conhecimento. Quando ele voltou para Rachel, já reverenciado como um grande erudito e com dezenas de milhares de discÃpulos, Calba Savúa recebeu a ele e a Raquel com toda simpatia. O Rabi Akiva se tornou a inspiração, não só para todos os conversos e seus descendentes, mas para todos que começaram a estudar a Torá numa idade mais avançada.
Ele apoiou a rebelião fracassada de Bar Cochbá contra o governo romano, pois chegou a ver nele uma potencialidade messiânica. Mas a rebelião começou a fracassar e seu lÃder mostrou ter pés de barro. O Rabi Akiva admitiu seu erro por ter apoiado a revolta. As perseguições dos romanos contra os judeus e contra os observantes e estudiosos da Torá foram terrÃveis. O próprio Rabi Akiva foi preso e torturado até a morte. Ele permaneceu como sÃmbolo do otimismo judaico através das eras do exÃlio e do desespero, por causa de sua fé num amanhã melhor para os judeus e a humanidade, sua sólida crença no cumprimento literal das palavras dos profetas em relação à redenção de Israel e seu olhar confiante na vida, apesar de todas as adversidades com que se deparou. Outros grandes eruditos choraram em desespero quando viram chacais correndo pelas ruÃnas do Templo e pelo Santo dos Santos, mas ele riu ante essa cena, tranquilo em sua fé de que, assim como as profecias negativas em relação ao futuro judaico estavam literalmente sendo cumpridas, também as positivas bênçãos constantes no Livro de Zacarias se tornariam plena realidade.
A habilidade das futuras gerações de judeus de olhar além dos problemas e das tragédias e enxergar um alvorecer de esperança e luz em seu futuro baseou-se nos exemplos e ensinamentos do Rabi Akiva. Assim, o herói dos conversos e iletrados se tornou o herói de todo Israel ao longo dos tempos. O perÃodo da sefirá nos lembra desse grande judeu e renova nossas esperanças de triunfo da Torá em Israel.
Trecho extraÃdo da obra Ecos do Sinai, Comentários e análises sobre as porções semanais da Torá
Autor: Berel Wein
Editora Sêfer
Páginas: 261
O rabino e historiador Berel Wein escreve semanalmente no Jerusalem Post sobre temas da “parashá” semanal da Torá e comenta o cotidiano de Israel. Este livro reúne alguns desses textos que mesclam conhecimento bÃblico profundo, mas de leitura agradável, com insights para o homem moderno de qualquer religião.
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