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As Lições de Moisés

No dia 7 de Adar nasceu o nosso mestre Moisés. Também nessa mesma data, 120 anos depois, ele faleceu. Deus “completa os anos dos justos” integralmente, até o mês e o dia, conforme o versículo (Êxodo 23:26) declara: “O número de teus dias completarei.

Quem é piedoso e meticuloso costuma jejuar no dia 7 de Adar e recitar a prece especial de Ticun do dia, que pode ser encontrada em alguns sidurím (livros de preces). Assim como o jejum, a prece e o arrependimento, também a morte de uma pessoa justa é considerada fonte de expiação. Quando todas essas fontes de expiação são combinadas, o povo de Israel alcança um perdão completo.

No dia 7 de Adar, cada um deve considerar seriamente dois fatores, explicados a seguir, e deve mantê-los o tempo todo em mente: esperar pela salvação e temer o julgamento Divino.

Esperar pela salvação

Uma lição extraída do nascimento de nosso mestre Moisés ensina o o significado de “esperar pela salvação”:

Uma grande aflição cercou o nascimento de Moisés. O Faraó decretara: “Todo filho que nascer, lançá-lo-ei no Nilo” (Êxodo 1:22). Os oficiais do Faraó e todo o povo egípcio passaram mais de três anos perseguindo as mulheres judias grávidas. Quando cada uma delas dava à luz, eles verificavam se o recém-nascido era menino; em caso positivo, eles o atiravam no rio. Todos os recém-nascidos judeus do sexo masculino estavam condenados a serem mortos assim que saíam dos ventres das mães. Por conta disso, todos do povo, jovens e velhos, viveram anos de angústia e desespero. Quando Amrám, líder daquela geração, viu o seu povo sofrendo tanto, ele bradou: “Todos os nossos esforços são inúteis!” Ele então se separou de sua esposa para evitar que ela trouxesse mais filhos ao mundo. Mal sabia ele que a sua esposa Iochéved já estava grávida de três meses e carregava Moisés em seu ventre!

Quando a atitude de Amrám chegou ao conhecimento do povo, todos seguiram o exemplo dele e se separaram de suas esposas. Então o espírito Divino pousou sobre Miriam, que tinha apenas cinco anos de idade. Ela disse: “O destino de minha mãe é ter um filho que salvará o povo de Israel.” Essas palavras renovaram a coragem e a fé de seus pais; eles se casaram novamente e todo o povo seguiu os passos deles.

O nascimento de Moisés, o salvador de Israel, foi marcado por grande ansiedade e angústia, pois todos os egípcios — homens, mulheres e crianças — estavam à procura dele para matá-lo. A saída encontrada foi abandoná-lo dentro de uma cesta, indefeso, boiando nas águas do Nilo.

Depois de resgatado do rio pela filha do Faraó, Moisés enfrentou um perigo ainda mais grave. Enquanto ainda lactente, ele foi jogado na casa do Faraó, uma verdadeira cova de leões, para ser criado – uma casa que representava a própria fonte da ira implacável contra os israelitas. Moisés não passava de uma criança – ele não conhecia o seu pai nem conseguiria reconhecer a sua mãe, e jamais tinha visto alguém de seu povo. Os malvados o criaram pretendendo que se tornasse um aliado deles, inimigo de Israel. Parecia que o grito de angústia de Amrám era justificado: “Todos nossos esforços são inúteis!”

Veja então quão grandiosa é a fé de quem espera ansioso pela salvação! Se não fosse a fé que pulsava no coração de Miriam e no de outros que compartilhavam da sua convicção, se Moisés não tivesse nascido, que propósito teria o mundo? Ele teria revertido para a inexistência e a nulidade! Ao nascer, Moisés – mesmo sendo colocado na “cova de leões” – ficou destinado a despontar para salvar o seu povo e iluminar o mundo inteiro pelo resto das gerações. Até malvados como o Faraó acabariam se vendo forçados a admitir: “Deus é justo.”

Temer o julgamento divino

O nosso mestre Moisés foi o maior dos profetas. Desde o dia em que nasceu, o seu destino era a profecia. Ele trouxe salvação aos israelitas e executou no Egito, como emissário de Deus, milagres maravilhosos em prol de seu povo. Dividiu o mar e abriu caminho para todos no Alto. Lutou contra os anjos e recebeu a “Torá de fogo”. Sentou-se aos pés do trono Celestial e conversou com Deus frente a frente. Ensinou a Torá a todo o povo de Israel e proveu sustento a todos durante os 40 anos de permanência no deserto. Travou guerra contra os poderosos reis Sichón e Og, e fez com que o Sol e a Lua parassem.

No entanto, bastou ele cometer um pecado menor no episódio das águas de Merivá, causando a diminuição involuntária da santidade do nome de Deus, para ter a sua morte decretada e ver negada a sua entrada na Terra Prometida. Nem os grandes méritos que tinha, nem todas as suas conquistas em prol do povo de Israel, puderam protegê-lo do atributo Divino de justiça – o atributo da verdade do Criador do mundo.

Quão grande é, então, a profundidade do julgamento Divino e quão temeroso do pecado deve ser o homem!

 


O Livro do Conhecimento Judaico

Trecho extraído da obra Livro do Conhecimento Judaico [Sêfer Hatodaá], O Ano Hebreu e Seus Dias Significativos
Autor: Eliahu Kitov
Editora Sêfer
Páginas: 656

Verdadeira enciclopédia de conhecimento judaico, descreve e comenta profundamente o calendário judaico – seus dias de festa e de jejum, de alegria e de tristeza -, bem como o significado de suas leis e costumes, acompanhado de rico manancial de comentários do Midrash e de ideias inspiradoras de sábios antigos e contemporâneos. É livro obrigatório em cada lar judaico e biblioteca.

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