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Calendário Judaico Chanucá

Chanucá – para os judeus e para os convertidos

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Chanucá é recordada não só pelo milagre das luzes do óleo queimando no Templo, mas também pelo milagre de trazer luz a um mundo na escuridão.

Os dias de dezembro, durante os quais geralmente cai a festa de Chanucá (no hemisfério norte), são os mais curtos e as noites, as mais compridas do ano inteiro. Na noite de 25 de Kislev, a lua começa a ficar menos visível, e, no solstício de inverno, o sol começa a dar menos calor à Terra. Indo contrariamente ao processo natural de diminuição da luz, as velas desta cerimônia vão crescendo em número, gerando cada vez mais luz a cada noite, sucessivamente.

Mas a luz de Chanucá funciona como um símbolo. O povo judeu estava em seus piores momentos durante a época da revolta dos macabeus – a ponto de precisar conduzir uma guerra civil e revolucionária para permanecer vivo. O pequeno recipiente de óleo é um símbolo da exaustão do povo judeu – assolado por inimigos poderosos tanto dentro quanto fora do país, em dúvida quanto a seu próprio futuro, e questionado-se sobre seu valor como uma minúscula presença perante a aparente imensidão e a eternidade dos outros povos e costumes.

Ao mesmo tempo, o fato de que, apesar de o povo estar sendo dizi­mado, a terra, aniquilada, e o Templo, destruído, ainda se pudesse encontrar um vasilhame contendo óleo não profanado e não adulterado, de­ve ter sido extasiante. E, depois, quando os judeus descobriram que esta quantidade tão pequena de óleo podia sobreviver, crescer e tornar-se uma fonte de energia e uma chama da liberdade e, por analogia, eles pró­prios, poderiam ser uma “luz para as nações”, isto deve ter sido uma con­firmação eletrizante da intenção do Todo-Poderoso para o futuro do povo judeu.

Esta pequena luz, uma fonte de esperança para o futuro, foi mais ins­trutiva e inspiradora do que a recitação do heroísmo no campo de ba­talha. A celebração do espírito, e não do poder, é que resistiu ao teste do tempo e serviu ao povo judeu em cada ano de seu exílio. Para o judeu nos antigos guetos escuros e estreitos, as velas trazem uma mensagem gra­ti­fi­cante, que faz acender o brilho em seu coração. Lembrar somente a espada, em tais circunstâncias, seria apenas um resquício de nostalgia, al­go ridículo de tão fantástico, além de próximo ao absurdo, no meio de uma noite de exílio. Esta é a mensagem que os rabinos encapsularam na Haf­tará, a porção profética lida após a leitura da Torá em Chanucá. “Não pelo poder, não pela força, mas por Meu espírito, diz o Eterno dos Exércitos.”

Um convertido precisa saber o que Chanucá significa, e que não é só uma comemoração nacional da liberdade religiosa, mas uma declaração do sacrifício pessoal pela observância e identidade judaicas, uma declaração de esperança na sobrevivência judaica. É importante para o recém-chegado ao judaísmo, portanto, saber que Chanucá não é o equivalente judaico das festas de inverno ou das celebrações cristãs, e que há uma profunda diferença entre luz e luz, e entre alegria e alegria.

Para o Convertido: uma Época de Crise

Para o convertido, no nível prático, esta época ressalta os conflitos entre passado e presente, uma família e a outra, e elas são enormes. Eis como Lydia Kukoff os descreve:

Lembro-me de meu primeiro Chanucá após a minha conversão. É claro que acendi as velas, mas sentia que não sabia realmente o bastante sobre Chanucá para torná-lo significativo. Eu não conhecia o contexto. Meu marido também não ficava muito entusiasmado com Chanucá, e não ajudava. Foi uma grande decepção. Daí veio o Natal. Na noite de Natal, liguei o rádio e havia música típica tocando. Eu simplesmente me desmanchei em lágrimas. Foi então que percebi o que faltava. Não eram os presentes e nem a árvore de Natal. O que eu sentia falta era da sensação de estar com a família. Sentia saudades da minha mãe, e dos odores e da música de casa. O problema era que meu marido não pensava em Chanucá nestes termos. Ele me comprou uma árvore de Natal! Fiquei furiosa. Agora eu sabia melhor o que fazer. Chanucá pode ser um feriado em família assim como o Natal costumava ser na minha vida. E o significado de Chanucá é tão parte de mim agora que é difícil de acreditar que meu primeiro Chanucá e meu primeiro Natal após a conversão tenham sido tão dolorosos.

É importante que você perceba que Chanucá não é um Natal judaico. Ele não deve ser uma compensação pela perda do Natal em sua vida. A diferença entre ambos não é que se compra papel de embrulho prateado e azul em vez de vermelho e verde, ou que se fazem decorações de Chanucá em vez daquelas para Natal. É uma festa completamente diferente, e você deve aprender sobre ela para poder celebrá-la corretamente. Chanucá tem valores importante para ensinar…”

Existe algo distinto no judaísmo que se opõe a todas as tentativas de torná-lo apenas mais um caminho até Deus. Estas tentativas são feitas mais vocal e energicamente nesta época do ano. E, em nenhuma outra, é mais dolorosamente evidente o quanto um entendimento superficial de Chanucá, assim como do judaísmo em geral, faz-lhe grave injustiça.

O próprio uso da luz no judaísmo é um exemplo modesto, mas surpreendente. Antigamente, as janelas não tinham vidros; eram feitas embutidas nas paredes e largas por dentro, para permitir a passagem do máximo possível de luz, e estreitas no exterior da casa, para manter o pó do lado de fora. Segundo o rabinos, as antigas janelas do Templo, na direção das quais os candelabros ficavam, eram invertidas – estreitas por dentro e largas por fora. Por quê? Porque Deus não precisa de luz – Ele é a fonte de toda luz. O mundo é que dela necessita. A Menorá brilha para fora, a fim de iluminar e irradiar o mundo. As velas de Chanucá estão colocadas na janela para proclamar ao mundo o milagre da luz e a luz do milagre.


Extraído da obra Bem-Vindo ao Judaísmo, de Maurice Lamm
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