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Calendário Judaico Independência de Israel

Independência de Israel – Significado Religioso e Histórico

5 de Iyar

No dia 5 de Iyar de 5708 (1948), o povo judeu retomou o domínio de parte da Terra Prometida de Israel. Após 1.884 anos tão amargos – ao longo dos quais essa terra permaneceu abandonada, em estado de ruína e devastação, e nós, seus filhos, passamos por exílios dolorosos, dispersos pelo mundo, escravizados, humilhados e perseguidos – finalmente a soberania judaica foi restabelecida sobre a Terra de Israel.

Passados 3.706 anos desde a promessa de Deus, dono de todas as terras, a Abrahão, no pacto firmado entre eles, que: “À tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates” (Gênesis 15:18), os filhos de Abrahão foram capazes de restabelecer um governo próprio em parte da terra que lhes foi prometida por Deus.

Isso ocorreu 3.660 anos após Deus ter reafirmado a Sua promessa a Isaac, dizendo: “E tua descendência herdará a porta dos seus inimigos” (ibid 22:17), e 3.560 anos após Deus ter confirmado a Jacob pela terceira vez a Sua promessa, dizendo: “A terra sobre a qual tu jazes, a darei a ti e à tua descendência” (ibid. 28:13).

Anos de residência e expectativa

Por 212 anos, os patriarcas e os 12 filhos de Jacob viveram nessa terra, aguardando ansiosos pela concretização da promessa de Deus, quando começariam a cumprir o destino que lhes fora traçado, de estabelecer por toda a eternidade um povo sagrado que vivesse na terra sagrada. Mesmo ao saírem dessa terra, ao descerem para o Egito, eles o fizeram devido a uma ordem específica de Deus, pois era a vontade Dele que as nações cananeias vivessem ali por um período, até que a cota de seus pecados ficasse cheia e elas fossem expulsas da terra.

Durante os 210 anos seguintes, os filhos de Israel foram submetidos às mais duras provações no Egito e esperaram constantemente pela redenção, para poderem tomar posse das suas terras. Depois de deixarem o Egito, eles vagaram pelo deserto estéril por mais 40 anos, transitando de um lugar a outro conforme eram ordenados por Deus, o grande Rei – o tempo todo ansiando pela ordem derradeira de “Subi e herdai a terra que vos dei” (Deuteronômio 9:23).

Encerrado o período de vida nômade, os nossos antepassados se estabeleceram na terra e residiram nela durante os 850 anos seguintes, onde foram senhores e donos de seu destino até que Senaqueribe, rei da Assíria, e depois dele Nabucodonosor, rei da Babilônia, vieram e os expulsaram. Esses governantes poderosos tentaram estabelecer outros povos na nossa terra, mas não tiveram sucesso. Nenhum povo pôde estabelecer-se nessa terra outrora tão frutífera, e ela permaneceu desabitada durante 70 anos.

Deus não se esqueceu do Seu povo e da Sua terra e nos trouxe de volta da Babilônia. Durante 420 anos residimos na nossa terra, até a invasão das legiões romanas que a saquearam, nos exilaram e queimaram o lugar mais sagrado de todos, o Grande Templo de Jerusalém. Os filhos de Israel foram, então, dispersados pelos quatro cantos do mundo, mas, dessa vez, a terra não ficou totalmente destituída da presença de seus filhos. Apesar de todos os obstáculos e dificuldades, pequenas comunidades de judeus fiéis sempre subsistiram ali.

Temos estado, portanto, ligados à Terra de Israel sob a promessa de Deus por mais de 3.700 anos. Desse período, ocupamos e habitamos a terra, de fato, durante 1.500 anos, mas mesmo nos anos passados à força fora dela, ansiamos por ela e vivemos na expectativa de retornar a ela. Como alguém que passa os dias na janela à espera de um mensageiro que traga boas novas, nós ficamos à espera da chegada da nossa hora – sem nunca nos cansarmos nem nos desesperarmos –, sem nos importarmos com o tempo de espera. E a terra, por sua vez, também manteve a sua fé. Ela só produziu com abundância enquanto esteve nas mãos dos seus verdadeiros filhos, que a recuperaram e plantaram novas raízes no solo precioso que os outros deixaram largado.

Este último exílio

Este exílio derradeiro tem sido o mais extenso de todos. O ano de 5708 (1948) marcou 1.880 anos desde a destruição do Templo pelas legiões romanas. Ao longo de todo esse período, a terra permaneceu desolada, dominada por um povo atrás de outro – todos estranhos a ela. Nenhum dos vários conquistadores que a subjugaram no decorrer dos séculos seguiu as ordens de um profeta de Deus; é por isso que ninguém foi capaz de possuí-la definitivamente. Eles só tinham o ódio como motivação e só mereceram possuir a terra provisoriamente, porque os seus legítimos donos, os israelitas, pecaram, e como castigo tiveram de ser expulsos dela temporariamente. Esses conquistadores nunca conseguiram revogar os direitos dos verdadeiros donos da terra, e nunca puderam tomá-la para sempre. No exílio, dispersos por todo o mundo, os israelitas permaneceram fiéis à Terra de Israel, e a promessa da terra continuou em pé para que todos retornassem a ela, para reconstruí-la e desfrutar de todo o seu bem.

Nesse longo intervalo entre a destruição do segundo Templo e a tão esperada redenção, o povo de Israel acabou se espalhando por toda a face da terra, subjugando-se a nações estrangeiras, vendo negados os seus direitos à naturalização – que poderiam ao menos proporcionar um repouso temporário. Não importa quão leal e patriota um judeu viesse a ser, não importa quão grande tivesse sido a sua contribuição para a sociedade em que vivia, invariavelmente as suas realizações eram rapidamente esquecidas e a sua condição de estrangeiro era constantemente lembrada. Só restava, como consolo, ansiar pela redenção e pela renovação da vida na Terra de Israel.

O mundo se surpreende

As nações do mundo, ao constatarem a nossa lealdade eterna pela Terra de Israel, se questionavam: Será possível que essa terra no meio do deserto semiárido do Oriente Médio esteja realmente esperando por essas pessoas estranhas que, embora exiladas dela por quase 2.000 anos, continuam chorando por ela e se mantém devotadas a ela? Será possível que, por intermédio de algum tipo de milagre, um retorno a essa terra aconteça, voltando a reunir esse povo a essa terra, apesar dos milênios de separação?

No dia 5 de Adar de 5708, homens da descendência de Jacob se colocaram sobre o solo sagrado da Terra de Israel e declararam: “Esta terra na qual vivemos e à qual nos apegamos é nossa! Ela é nossa herança e deve pertencer a nós e aos nossos filhos para sempre! Nenhum poder soberano voltará a dominar esta terra; só os seus filhos, os filhos de Israel, que voltaram a ela para reclamar a sua devida herança. Que todos os seus filhos voltem, de todos os cantos do mundo para os quais tenham sido dispersos, e reivindiquem a sua posse eterna!”

No dia dessa declaração, o domínio sobre uma parte da Terra de Israel retornou para uma parte do povo de Israel.
Os inimigos de Israel estremeceram, tomados pelo temor – todos, em todos os lugares, ficaram atônitos. Foi um acontecimento sem precedentes na história. O mundo testemunhou a reconciliação do Deus de Israel com o Seu povo, conforme o profeta (Jeremias 31:16) havia previsto: “Teus filhos retornarão às tuas fronteiras.”

Confusão entre os judeus

Ao mesmo tempo que surpreenderam os não judeus ao redor do mundo, esses eventos deixaram também confusos e perplexos os próprios judeus, que divergiram quanto ao reconhecimento desse novo/antigo Estado judaico.

Muitos judeus “não observantes” tiveram reações totalmente inadequadas, incompatíveis para descendentes da semente de Jacob. Eles negaram o caráter providencial dos acontecimentos e afirmaram: “A nossa força e o poder da nossa mão nos trouxe essa vitória” (Deuteronômio 8:17). Eles se recusaram a reconhecer que tudo o que havia ocorrido fazia parte do plano Divino ou que tinha se dado de maneira além do natural. Mas com o passar dos anos essa opinião foi sendo expressada com uma convicção cada vez menor.

Muitos outros viram o dia 5 de Iyar como dotado de todas as qualidades que caracterizam as festas judaicas prescritas pela Torá e pelos sábios. Para eles, essa data deveria ser comemorada como tal, com a recitação da prece de Halêl e a menção nas rezas dos milagres ocorridos.

Entre nós, há alguns que reagiram aos acontecimentos milagrosos com um certo grau de reserva. Eles chegaram a achar que o “início da redenção” estava ocorrendo, mas depois hesitaram, ao constatarem que a retomada da soberania não foi acompanhada dos elementos que faziam parte das profecias da redenção final. O plano Divino que trouxe esses milagres permaneceu incerto, pois muitos dos males do exílio persistiram. Relutantes, eles se perguntaram: “Será que esse novo Estado judaico é realmente aquele que nós há tanto aspirávamos?”

Há outros que, considerando essas e outras questões, passaram a encarar o 5 de Iyar como um dia triste. Na opinião deles, a realidade da nossa nova independência constitui uma abstração do nosso anseio pela redenção verdadeira e final. Será possível – perguntam eles – que esse Estado seja o prenúncio do fim do exílio, se menos de um quarto dos judeus do mundo voltaram a viver dentro de suas fronteiras? Como essa nação pode ser governada por judeus que renegam a autoridade da Torá? Será possível que ela constitua sequer o “início da redenção”? Confrontados com essas questões, eles concluíram que o novo Estado constitui falta de fé e confiança de que Deus realmente redimirá o Seu povo.

Pecados passados e presentes

Quem não se convenceu de que esse Estado representa “o início da redenção” desfila outros argumentos:

Constitui um axioma da nossa fé que o exílio e a destruição são o resultado direto de nossos pecados e de termos falhado em cumprir o nosso destino nacional como povo de Deus. O exílio e a perseguição são meios pelos quais os nossos pecados são expiados e a relação próxima entre Deus e Seu povo é recriada, e só então se pode esperar pela redenção. Portanto, só quando nos purificarmos desses nossos pecados e delitos, a causa do nosso exílio deixará de existir.

Mas quem pode hoje afirmar que estamos purificados de nossos pecados? Não estamos ainda enfraquecidos pela transgressão? Deixamos de exibir as deficiências morais absorvidas das nações em meio às quais estamos dispersos? É plausível que sejamos considerados dignos do favor Divino quando nada fazemos para merecer esse favor? Podemos entrar no “palácio do Rei” – a Terra de Israel – alegando termos sido redimidos, sendo ainda tão indignos?

E tem mais. Consideremos a conduta dos dirigentes do novo Estado. Eles não afirmam ter como objetivo criar um Estado que não seja diferente de qualquer outro, habitado por cidadãos que não sejam diferentes de quaisquer outros? Será esse o destino manifesto de nosso povo? Será esse o resultado de tantos milênios de peregrinações e sofrimentos?

São esses os seus argumentos, e assim eles espalham a sua tristeza contagiosa – entre os seus e entre todos os que estejam nas suas esferas de influência.

Argumentos e contra-argumentos

São muitas as questões colocadas por aqueles que subestimam a importância dos eventos relacionados ao dia 5 de Iyar, mas são muitas também as respostas dos que veem essa data – e o estabelecimento de um Estado judeu soberano dentro das fronteiras da Terra de Israel – como sinais de uma salvação nacional redentora.

Embora possamos ser incapazes de perceber esse Estado como a concretização total de tudo o que foi profetizado, temos, no entanto, a obrigação de reconhecer a bondade eterna de Deus, que reergueu a semente de Israel após séculos de degradação e permitiu que retornássemos à nossa terra, para habitá-la e governá-la.

Depois de 2.000 anos de perseguição e humilhação nas mãos das nações, nós recuperamos a nossa dignidade e respeitabilidade. Deus nos capacitou para sairmos vitoriosos diante de uma quantidade esmagadora de inimigos que só objetivavam a nossa aniquilação. Como poderíamos ser tão ingratos diante da imensa bondade que Ele derramou sobre nós, deixando de comemorar essa data como um dia de louvação a Deus por tudo o que até agora ocorreu, e de oração para que Ele continue a fazer brilhar a Sua luz benevolente sobre nós?

Os céticos dizem que jamais se ouviu falar de uma redenção como essa – uma redenção desacompanhada da revelação da luz Divina, uma redenção regada a derramamentos de sangue constantes em batalhas incessantes, grandes e pequenas. Jamais se ouviu falar de uma redenção que nos confrontasse com a ameaça constante de destruição por nações próximas e longínquas, uma redenção em que a esmagadora maioria do nosso povo continuasse vivendo fora da Terra de Israel. A redenção que fomos ensinados a esperar deveria ter um caráter claramente milagroso, e suas manifestações espirituais e físicas deveriam ter tido uma natureza muito mais inequivocamente Divina!

Os que estão convencidos da importância dessa data e dos eventos que a cercaram respondem que os argumentos de que jamais se ouviu ou de que não fomos ensinados são pouco convincentes. É bem sabido que os nossos sábios sempre optaram por não serem excessivamente explícitos em relação a esses assuntos. É muito possível que eles realmente tenham nos dado dicas e alusões, e não as tenhamos captado completamente e compreendido quão importantes eram. Quem pode afirmar com toda a certeza por que meios e de que maneira Deus nos redimirá?

Além disso, se refletirmos a respeito dos ensinamentos velados dos nossos sábios, descobriremos muitas declarações que aludem a eventos atuais em nosso destino nacional. O Midrash ensina: “A redenção é como a aurora do amanhecer, pois virá em etapas como a luz da manhã. No começo a escuridão prevalecerá, mas à medida que avançar, crescerá mais brilhante e mais forte, até que tudo fique inundado pela luz do dia.”

Temos, portanto, motivos para considerar os eventos ocorridos em nossos dias como sendo o “começo da redenção”, e as próximas etapas, mais brilhantes, quando a luz Divina ficará claramente visível, com certeza virão. De qualquer maneira, devemos expressar a nossa alegria e gratidão pela chegada da aurora do amanhecer!

Uma outra alusão a isso pode ser encontrada na porção final do Livro de Levítico, onde a Torá relata as calamidades que recairão sobre o nosso povo caso deixe de viver conforme os ditames de Deus: “E Me lembrarei da Minha aliança com Jacob, e também da Minha aliança com Isaac, e também da Minha aliança com Abrahão Me recordarei, e da terra Me recordarei” (Levítico 26:42). Após admoestar o povo para que jamais deixe de seguir uma vida regulada pelos mandamentos de Deus, a Torá conclui: “Também, mesmo assim, estando eles na terra de seus inimigos, não os desprezarei e não os rejeitarei para consumi-los e violar a Minha aliança com eles; porque Eu sou o Eterno, seu Deus” (ibid. vers. 44). É importante observar que após todas as “lembranças” [o fundamento de nossa redenção derradeira], as admoestações não terminam – demonstrando que o exílio continuará mesmo quando a “lembrança” já estiver em vigor. A intenção pode muito bem ser que a futura redenção terá várias fases: a lembrança da aliança de Deus com Jacob – “a terra sobre a qual tu jazes” (Gênesis 28:13); a Sua aliança com Isaac – “tua descendência herdará a porta dos seus inimigos” (ibid 22:17); a aliança com Abrahão – “à tua descendência dei esta terra, desde o rio do Egito…” (ibid. 15:18); e então, enquanto a terra ainda está abandonada pela maioria de seus filhos, a última etapa do “não os desprezarei,” mesmo àqueles que voluntariamente optarem por permanecer “na terra de seus inimigos” – “porque Eu sou o Eterno, seu Deus”, quer eles admitam, quer não.

Pesando pecados e méritos

Os céticos perguntam: Como é possível que sejamos dignos da redenção, quando não nos purificamos de todos os pecados que foram a causa do exílio e da destruição que se abateram sobre nós? As transgressões sobre as quais os profetas e sábios falaram não são mais consideradas pecados?

Para os que apoiam o conceito de “início da redenção”, a resposta pode ser encontrada em muitas declarações do Talmud e de sábios de gerações recentes.
A capacidade de avaliar os pecados de uma geração em comparação com os de outra está apenas nas mãos do Todo-Poderoso. Só Ele pode perscrutar os corações dos homens e pesar seus pensamentos e ações. Os mortais podem julgar somente dentro das limitações de tempo, lugar e compreensão humana, ao passo que Deus julga sem restrições, em um nível onde nada está além do alcance, onde cada traço é perceptível. Diante de Deus, o passado, o presente e o futuro são uma coisa só. Só o Todo-Poderoso pode julgar pelo critério do cumprimento de Seu plano da Criação. Está nas mãos Dele, então, e não nas nossas, determinar o grau do nosso mérito e merecimento para a redenção.

Uma outra explicação é depreendida de muitos dos escritos sagrados: Assim como há uma cota de pecado que, quando cheia, provoca ira e calamidade sobre o mundo, também há uma cota de recompensa que, quando cheia, provoca graça e radiância Divinas sobre o mundo. Quando isso ocorre, Deus concede compaixão até sobre aqueles de Seus filhos que sofreram a medida plena de Sua ira. Mesmo se nos faltam atos meritórios para a chegada da redenção, os sofrimentos terríveis de que o nosso povo foi vítima o tornaram de fato meritoso.

E, talvez, a própria intensificação do pecado e da decadência moral sejam causas suficientes para a redenção, pois o ato de salvação leva ao arrependimento e a uma fidelidade renovada com Sua aliança. Essa ideia é encontrada nas palavras do profeta (Ezequiel 16:62-63): “E estabelecerei a Minha aliança contigo, e saberás que Eu sou o Eterno, para poder recordar e se sentir envergonhado, para que não tenhas mais desculpas para tua humilhação, quando Eu houver te perdoado por tudo o que fizeste.” O profeta (ibid. 36:22;24-25) diz mais: “Portanto, proclama à Casa de Israel que assim disse o Eterno Deus: Não é por vós que o faço, ó Casa de Israel, mas pelo Meu santo nome, que profanaste… pois vos buscarei dentre todas as nações… e vos trarei à vossa terra, então aspergirei sobre vós água limpa e sereis purificados de todas as vossas impurezas.”

Em Isaías (44:22) consta: “Como se fora uma névoa, apaguei tuas transgressões; e como uma nuvem, teus pecados. Retorna a Mim, pois já te redimi.”
Há muitas alusões nas nossas fontes para a ideia da redenção e do perdão precedendo o arrependimento e a purificação. A natureza exata disso, no entanto, permanece além de nossa percepção, pois quem entre os homens é capaz de perquirir a essência do plano Divino?

Um governo de descrentes

Os céticos apresentam um outro argumento como reforço da relutância que têm em aceitar o conceito de nossos dias serem “o início da redenção.” É um fato inegável que os líderes e chefes desse Estado são declaradamente descrentes, pessoas que de fato renegam os princípios da nossa fé e ridicularizam as leis sagradas pelas quais os nossos antepassados deram as vidas ao longo de todo o exílio. Pode a poderosa mão de Deus e a Sua promessa de libertação e redenção se manifestarem por intermédio de pessoas assim, que não reconhecem a Sua providência como tendo qualquer participação nesses acontecimentos?

A esse argumento, os que apoiam o conceito de “início da redenção” respondem que a nossa história está repleta de precedentes. A maioria dos reis hasmoneus rejeitou a nossa fé e pecou em grau muito maior que os nossos líderes atuais; no entanto, o reinado hasmoneu foi reconhecido pelo Rambam (Maimônides) e pelas autoridades rabínicas como epítome da realização das preces e do nacionalismo. Em relação à vitória dos hasmoneus sobre os gregos, o Rambam escreve que a honra foi restaurada a Israel por 205 anos. Apesar das décadas de liderança irreligiosa e do abandono da fé de Israel que caracterizaram o reinado, a soberania do tempo dos hasmoneus trouxe um período de honra – um período pelo qual a nação judaica deveria dar graças ao Criador.

Para o povo judeu, subjugar-se a nações que não receberam a Torá é desonroso. Por mais que essas nações possam, por vezes, professar e manifestar uma medida de respeito pelo judaísmo, nunca o fazem de modo confiável. Os líderes judeus – por mais que pequem e aparentem estar afastados dos valores de nossa nação – são considerados como se nunca tivessem cortado os seus laços ancestrais com a Torá. A rejeição da Torá por um judeu é temporária, uma vez que ele está destinado a se arrepender um dia, e quando o fizer, o seu arrependimento será aceito. No entanto, mesmo antes de retornar a Deus, a liderança judaica é em si uma fonte de honra para toda a nação. E assim como a nação está eventualmente destinada a se arrepender, também os indivíduos que a lideram acabarão retornando a Deus.

Não se pode deixar de notar que o agnosticismo e o ateísmo estão em declínio, e a consciência da fé é maior hoje do que há muito tem sido. O que provocou esse retorno à fé? O abraço renovado de uma nação sagrada à sua terra santa! A honra da soberania foi restaurada e muitas outras maravilhas estão destinadas a surgir – que possam vir brevemente, em nossos dias!

Portanto – ao ver filhos que, lembrando do Pai após longos anos de separação, se arrependem e querem retornar para perto Dele, acredite neles, mesmo se não houver nenhuma mudança visível no comportamento deles. Saiba que um despertamento interno está ocorrendo, estimulando o anseio nas suas almas, e com certeza eles alcançarão a realização e a salvação. Mas ao ver filhos que não param de se rebelar contra Deus, seu Pai, não acredite neles! Se eles proferem blasfêmias e ateísmos, só o fazem por terem medo de confessar a falsidade das ideologias que outrora propagavam com tanto vigor. Eles, também, acabarão achando coragem para o retorno à Fonte da Vida. Assim foi com os transgressores do povo de Israel ao longo de toda a história, e assim é hoje. Eles não podem mudar para pior – só para melhor.

Jamais se temeu que esses transgressores causassem danos permanentes e irremediáveis. Nas suas horas mais sombrias ainda havia motivo para esperança. Quanto mais agora, quando o fim dos dias e o prometido arrependimento estão próximos!
No entanto, apesar de todos os argumentos e contra-argumentos, uma coisa é certa: a redenção completa ainda está por vir. O profeta ainda não surgiu; a revelação Divina, que solucionaria todas as dúvidas, ainda não ocorreu.

Por isso, ao encontrar pessoas que embora gratas por tudo de bom que já aconteceu, ainda rezam pela completação da redenção de Deus, junte-se a elas! O Mashíach ainda não chegou e a visão dos profetas ainda não se materializou completamente. Não desistamos de um pingo sequer da nossa crença na concretização efetiva de todas as profecias. Não nos contentemos enquanto não vermos o estabelecimento do reino de Deus em Tsión, quando o mundo inteiro testemunhará a materialização das profecias de Isaías:

Assim disse o Eterno Deus: Eis que Eu levantarei as Minhas mãos para as nações, e arvorarei o Meu estandarte para os povos; e trarão teus filhos com glória, e tuas filhas serão levadas sobre os ombros deles. Reis serão teus aios, e rainhas, as tuas amas; diante de ti se prostrarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés; e saberás que Eu sou o Eterno, e que os que por Mim esperam jamais serão desapontados (Isaías 49:22-23).

Pois o Eterno consolará Tsión, trará conforto a todas as suas ruínas e transformará seu deserto em um Éden, e o seu deserto em um jardim do Eterno. Nela serão encontrados regozijo e alegria, cânticos de graças e sons de canções (ibid. 51:3).

Mas, ao encontrar pessoas com os corações divididos, que não conseguem reconhecer o bem que lhes foi outorgado, reze para que seja concedida a elas clareza de visão, para que reconheçam a salvação de Deus, e reze para que você se salve da cegueira e da ingratidão que as vitimou. Encha a sua boca de música e louvor a Deus pelo que Ele fez, pelo que Ele faz e pelo que Ele ainda fará em prol de Sua nação escolhida, a semente de Israel, agora e sempre.

E quando você oferecer o seu louvor, faça-o de qualquer maneira, em qualquer idioma que o seu coração compreenda e ao qual a sua alma reaja. Embora não haja uma forma unificada de observância para a comemoração desses eventos, podemos certamente antever a chegada do dia em que uma data festiva comemorará a redenção, assim que a unidade do nosso povo for alcançada e os males que nos afetaram ao longo dos anos de nosso exílio desaparecerem para sempre.

הודוּ להכִּי טוב, כִּי לְעולָם חַסְדּו:

 


O Livro do Conhecimento Judaico

Trecho extraído da obra Livro do Conhecimento Judaico [Sêfer Hatodaá], O Ano Hebreu e Seus Dias Significativos
Autor: Eliahu Kitov
Editora Sêfer
Páginas: 656

Verdadeira enciclopédia de conhecimento judaico, descreve e comenta profundamente o calendário judaico – seus dias de festa e de jejum, de alegria e de tristeza -, bem como o significado de suas leis e costumes, acompanhado de rico manancial de comentários do Midrash e de ideias inspiradoras de sábios antigos e contemporâneos. É livro obrigatório em cada lar judaico e biblioteca.

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