por David Gorodovits
Conta-se que existiu um rei que possuía um anel incomparável, pois nele estava engastada uma pedra preciosa de raro brilho e que deslumbrava todos que a viam.
O tesoureiro real, responsável pela guarda e manutenção de todas as joias do rei, foi tão desastrado numa ocasião que provocou um arranhão na pedra.
Ao saber do ocorrido, o rei ficou inconsolável. Chamou o tesoureiro e lhe ordenou que buscasse os mais competentes joalheiros do reino para que reparassem o dano ocorrido em seu anel preferido.
Entretanto, as diligências de todos eles não alcançaram qualquer resultado.
Cada vez mais irritado, o rei fez saber que, se não conseguissem restaurar a pedra, o tesoureiro e todos os joalheiros que haviam falhado seriam condenados à morte.
O desespero já se apossava de todos quando chegou à cidade um renomado joalheiro que, ao saber do ocorrido, ofereceu-se para realizar a tarefa na qual todos tinham falhado, desde que lhe confiassem o anel por 24 horas e o deixassem trabalhar sozinho numa oficina de ourives.
Imediatamente, o rei deu ordens para que todos os seus desejos fossem atendidos, e esperou ansioso pelo resultado de seu trabalho.
Após o tempo solicitado, o joalheiro abriu a porta da oficina e declarou: “O problema está solucionado!”.
“Conseguiu restaurar a joia e apagar o arranhão?”, perguntou o rei.
“Não”, respondeu o artífice.
“Então, como ousa dizer que realizou o concerto?”, perguntou o rei.
“Examine o anel e tire sua conclusão, Majestade”.
Tomando avidamente o anel em suas mãos e examinando-o, percebeu que o artista esculpira rosas em volta do arranhão, fazendo com que, ao invés de apresentar um defeito, nela estivesse desenhado, em relevo, um ramo de rosas, o que tornava esta a jóia, que já era bela, verdadeiramente única no mundo.
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O Eterno concede a cada um de nós uma joia preciosa, um diamante único e incomparável: a vida.
Arranhões são provocados nesta joia pelas dificuldades com que nos deparamos muitas vezes em nosso caminho.
Somente a fé e uma grande elevação espiritual podem nos ensinar a esculpir rosas em volta destes aranhões e nos fazer encarar como passageiros os males que porventura nos afligem, permitindo-nos prosseguir nosso caminho, sempre com renovadas forças e esperanças.
Busquemos na Torá a força desta fé, e possa o Eterno abrir nossos corações para Nele confiarmos sempre, dando assim um significado valioso às nossas vidas.

