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Calendário Judaico Chanucá

Por que “Chanucá”?

Qual a origem do nome Chanucá? Diferente de todas as outras festas judaicas, bíblicas ou não, o nome escolhido para a também chamada “Festa das luzes” não possui ligação direta e clara nem com a vitória militar nem com o milagre das velas da Menorá. Essa curiosidade é confirmada pela variedade de respostas e explicações dadas a essa questão, na tentativa de esclarecer a relação entre o termo e os fatos da comemoração.

A solução mais comum encontrada nos escritos dos sábios é a combinação Chanu – CA; ou seja, a palavra seria formada pelo verbo chanu (pararam ou estacionaram) e o número 25 (valor obtido pela junção das letras Caf e Hê, 20 + 5), o dia da vitória definitiva, no mês de Kislev do ano 3595 (165 a.e.c.). Rishonim, como o Shvilê Haléket, o Avudraham, o Ran e o Tur trazem essa opinião com pequenas variações em seus comentários. O Maharshá e o Bach questionam se essa chanaiá (parada) seria referente ao descanso da guerra ou à suspensão de melachá (trabalho ou atividade criativa); ambos opinam se tratar do segundo caso. O Levush, por outro lado, vincula a “parada” ao conflito bélico. Concordam com ele o Peri Chadash, o Birkê Iossef e o Divrê Nechemia.

Há quem acrescente outro motivo; Chanucá seria um acróstico: Chêt – Nerot – Vê halachá – Kevêt – Hilel (oito velas e a lei de acordo com Bêt-Hilel), uma alusão à regra de se acender as oito velas da Chanukiá em ordem crescente, em oposição à opinião de Bêt Shamai, segundo a qual devia-se começar com oito velas e seguir em ordem decrescente. Citam esse motivo o Avudraham, o Atéret Zekenim e o Peri Megadim.

O Maharshá traz ainda uma terceira explicação. Um dos significados da palavra Chanucá é inauguração. De acordo com o sábio, a festa recebeu esse nome pela inauguração do novo Mizbêach Haolá (o altar dos sacrifícios), já que o antigo havia sido profanado com idolatrias pelos gregos. Outra inauguração ligada à data de Chanucá não chegou a ocorrer de fato. De acordo com a tradição, os trabalhos de construção do Mishcan (o Tabernáculo) se encerraram em 25 de Kislev (a inauguração foi adiada para o dia 1o de Nissan). Alguns sábios viram, nessa combinação, outro motivo para o nome Chanucá.

Por fim, sábios da Cabalá revelam que, no momento do acendimento das velas de Chanucá, a cada vela acesa por cada iehudi ou família judia, um pouco do Or Ganuz (a “Luz Oculta” que vai chegar à sua plenitude na era messiânica) é irradiado. Um fenômeno que tais sábios místicos chamam de Chinuch Lagueulá Haatidá (a preparação para a Redenção Futura). E aqui encontramos uma sutil alusão ao elemento de ligação entre Chanucá e José: o Chinuch, a preparação – uma expressão do mecanismo da educação embutido no nome da “Festa das Luzes”.

Extraído de Ensaios sobre a Torá – Bereshit, de Ruben Rosenberg, 2007, Editora Sêfer.

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