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Parashá Semanal - Leitura da Torá

Experiências dignas de serem lembradas

Brevíssima coletânea de comentários sobre a PORÇÃO MAS’Ê extraída da obra torá interpretada à luz dos comentários do Rabino Samson Raphael Hirsch recém-publicada pela Editora Sêfer

 

Números, Capítulo 33

1 Estas são as jornadas dos filhos de Israel que saíram da Terra do Egito por intermédio de Moisés e Aarão, segundo seus exércitos. 2 E Moisés escreveu as suas saídas, conforme as suas jornadas, por dito do Eterno. E estas são suas jornadas conforme as suas saídas: 3 Partiram de Ramsés aos 15 dias do primeiro mês; no dia seguinte ao da Páscoa, os filhos de Israel saíram com mão erguida aos olhos de todo o Egito, 4 enquanto os egípcios sepultavam os primogênitos a quem o Eterno havia ferido entre eles; e também contra seus deuses o Eterno havia feito juízos.

 

 

1-2. Estas são as jornadas dos filhos de Israel. Pode haver várias razões pelas quais o detalhamento das viagens e paradas no deserto mencionadas aqui tenha sido incluído na Torá. Essas jornadas e paradas estavam associadas a toda uma série de eventos e experiências dignos de serem lembrados pelos parentes, membros da tribo e descendentes daqueles que foram diretamente influenciados por eles. No entanto, esses eventos – experienciados por certas famílias e tribos – não foram escritos na Torá que se dirige a toda a nação. Portanto, a memória deles foi preservada na tradição oral, e esse detalhamento inclui marcos e sinais pelos quais essa tradição pode ser lembrada.

Podemos apenas presumir quantos mais vestígios da peregrinação e das paradas dos nossos ancestrais foram talvez preservados nesses lugares no deserto para o futuro próximo e distante, e quais oportunidades eles poderiam oferecer aos filhos e netos da geração do deserto de visitar os lugares nos quais Deus Se revelou em Sua liderança milagrosa. Ao visitarem esses lugares, as gerações futuras serão capazes de refletir a respeito da veracidade da revelação e da presença de Deus na terra, expressa tão claramente nas crônicas de seus ancestrais. A própria desolação e aridez desses lugares no deserto tão vasto, que até mesmo um comboio precisa calcular cuidadosamente os dias para que suas provisões sejam suficientes para o caminho; um deserto no qual uma nação inteira, pelo menos dois milhões e meio de pessoas, viveu por 40 anos – o próprio vislumbre desses lugares no deserto (conforme observado pelo Maimônides no Guia dos Perplexos 3:50) serve como um grande testemunho da natureza Divina das crônicas da fundação de Israel!

O Rashi nos transmite uma observação em nome do Rabino Moshe Hadarshan: das 42 viagens aqui enumeradas, 14 – de Ramsés a Ritmá – precederam o envio dos espiões, e 8 – do monte Hor às planícies de Moav – ocorreram no 40º ano, após a morte de Aarão. Ou seja, houve apenas 20 viagens durante os 38 anos de peregrinação. Verifica-se que Deus, em Sua bondade, adoçou o decreto de peregrinação pelo deserto. Eles não precisaram andar sem parar e sem descanso, pois a duração média de suas paradas em cada lugar era de quase dois anos.

suas saídas conforme as suas jornadas (…) suas jornadas conforme as suas saídas. A mudança na ordem das palavras certamente não é em vão. O Eterno via suas viagens como “as suas saídas conforme as suas jornadas”, enquanto Israel as via como “suas jornadas conforme as suas saídas”.

As jornadas e as paradas estavam sempre de acordo com a ordem de Deus. Sempre que Deus lhes ordenava partir de um local de acampamento, Sua intenção era que eles alcançassem um novo objetivo, e a liderança educacional de Deus procurava para eles um novo local de acampamento que fosse compatível com a obtenção desse objetivo. Em toda jornada havia progresso; a “jornada” era o objetivo da “saída” (a saída do local de acampamento). Verifica-se que todas as suas paradas eram “suas saídas conforme as suas jornadas”.

Aos olhos do povo, era totalmente oposto. Em todo lugar que ficavam, eles estavam insatisfeitos, e quando chegava a hora de partir, a saída do local de acampamento era o objetivo deles. Não importava para eles aonde estavam indo naquele momento; o principal era sair de onde estavam. Eles viajavam com o objetivo de deixar o seu local de acampamento. Verifica-se que todas as suas jornadas eram “suas jornadas conforme as suas saídas”.

3-4. no dia seguinte ao da Páscoa. Não à noite. À noite, ocorreu a redenção por meio da morte dos primogênitos (Êxodo 12:29). Mas o Êxodo do Egito ocorreu à luz do dia, “com mão erguida, aos olhos de todo o povo egípcio” (TB Berachót 9a).

enquanto os egípcios sepultavam. Esse contraste é uma parte essencial das ideias que a lembrança da redenção do Egito deve preservar e estabelecer como parte dos princípios da fé. Os raios da luz da manhã mostraram o povo de escravos que saía para a liberdade e, ao lado dele, o povo dos senhores rebaixado e lamentando a perda de seus filhos e de suas mais preciosas propriedades. A mão única do Deus único foi vista matando e revivendo ao mesmo tempo. Ambas, juntas – a reverência e confiança no coração do homem que está diante do Deus único – formam a base do reconhecimento judaico de Deus. Isso é expresso ainda mais fortemente nas margens do mar Vermelho: “E Israel viu (…) e o povo temeu ao Eterno, e creram no Eterno e em Moisés, seu servo” (Êxodo 14:31).

Essa é a razão pela qual o momento do Êxodo, com todos os seus aspectos, também está incluído na lista de viagens e paradas das peregrinações de Israel, e ele também é a base da porção Cadesh, nos tefilin (Êxodo 13:1-10). Ele é o ponto de partida a partir do qual toda pessoa em Israel santificará seus “pensamentos, desejos e ações” – uma santificação que deve ser renovada diariamente.

e também contra seus deuses o Eterno havia feito juízos. Todo esse evento mostrou a nulidade dos deuses imaginários em oposição à existência e realidade do Deus único. Assim, também os deuses e seus símbolos foram lançados ao chão, destruídos como carcaças mortas ao lado do povo egípcio que sofria com a perda do que lhe era mais caro.

Torá Interpretada - Editora Sêfer

 

Brevíssima coletânea de comentários sobre a PORÇÃO MAS’Ê  extraída da obra Torá Interpretada à luz dos comentários do Rabino Samson Raphael Hirsch, recém-publicada pela Editora Sêfer.

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