Livro revela como era celebrada a Páscoa no Templo de Jerusalém nos primeiros anos do século I.
Embora os peregrinos chegassem em massa em cada uma das Três Festas, o maior número chegava em Pêssach. Isso não se devia somente à importância da oferta de Pêssach, mas também ao fato de que, enquanto apenas os homens eram obrigados a visitar o Templo em Sucót e em Shavuót, em Pêssach o mandamento também incidia sobre as mulheres.
Toda a nação participava da oferta da Pêssach – homens, mulheres e crianças. Quem não participasse da oferta de Pêssach, ou ao menos fizesse com que ela fosse trazida até ele, tornava-se sujeito à grave pena de caret (banimento espiritual), por não cumprir este mandamento positivo. Até mesmo muitos judeus que residiam na Diáspora faziam a longa viagem à Terra Santa para celebrar o Pêssach com a nação judaica em Jerusalém.
A seguinte história relatada no Talmud (TB Pessachim 64b) fornece um vislumbre do grande número de pessoas que vinha a Jerusalém em Pêssach: “Certa vez, o Rei Agripa desejou contar o número de israelitas [que tinha vindo oferecer o Pêssach]. Ele disse ao sumo sacerdote: ‘Lance os seus olhos sobre os sacrifícios de Pêssach’. Ele então pegou um rim de cada um e encontrou 600.000 pares de rins – o dobro da quantidade de israelitas que partiram do Egito (…) e pelo menos dez pessoas participavam de cada oferta de Pêssach; e então eles chamaram a festa naquele ano de ‘O Pêssach dos meubin (amontoados)’.”
Uma das principais características de Pêssach em Jerusalém era a própria ingestão do cordeiro de Pêssach. Entre 10 e 100 pessoas repartiam cada cordeiro – cada uma comendo pelo menos “o equivalente a uma azeitona” –, dependendo do tamanho do animal e de quantos se registravam com antecedência. E é claro que participar de grandes refeições com muitas pessoas criava uma atmosfera festiva, alegre e edificante.
As famílias traziam mais sacrifícios no Pêssach do que em qualquer outra festa. No dia 14 de Nissan eram oferecidos o cordeiro de Pêssach e a oferta festiva Chaguigá, consumidos junto com pão não fermentado (matsá) e ervas amargas durante o Sêder de Pêssach no qual se contava a história do Êxodo e da Redenção.
O Sêder terminava à meia-noite (entre o pôr do sol e o nascer do sol) com a ingestão do cordeiro de Pêssach. Todos então subiam aos telhados de Jerusalém para cantar o Halêl com a visão do Templo Sagrado. Miríades de judeus dentro dos muros da Cidade Santa iam então entoar canções para celebrar a redenção de Israel da escravidão egípcia. Não é de admirar que os sábios dissessem que essa cantoria fazia tremer não apenas os corações, mas até mesmo as próprias paredes de Jerusalém.
Nas páginas de O Templo Sagrado de Jerusalém, recém-lançado pela Editora Sêfer, você irá compreender, nem que seja em pequena escala, a aura especial e a essência do feriado de Pêssach por meio de pinturas, imagens e explicações. Ao trazer as leis de Pêssach no Templo à vida, as ilustrações nos ajudarão a ver, até certo ponto, como elas deixavam sua marca de santidade e alegria nas massas de pessoas que entravam pelos portões de Jerusalém naqueles tempos de alegria.
A imagem mostra dois grupos realizando a refeição do Sêder – separados mas num mesmo salão. Jarros grandes (no centro) servem como uma divisória entre eles. O Talmud declara que os membros de cada grupo “concentram-se em seus respectivos sacrifícios e líderes do Sêder” (Pessachim 7:13). Dois homens carregam a oferta de Pêssach nos ombros para o seu grupo (à esquerda). Outro homem é visto olhando para o seu grupo e servindo vinho dos tonéis para ele – manifestações adicionais da integridade daquele grupo.
Trecho extraído da obra O Templo Sagrado de Jerusalém, recém-publicada pela Editora Sêfer.