As práticas de Selichót variam significativamente entre as comunidades judaicas sefaraditas e ashkenazitas, principalmente em relação à s datas de inÃcio, duração e nuances litúrgicas. Essas diferenças refletem abordagens distintas para o processo de arrependimento e preparação para as Grandes Festas.
Diferenças nas Datas de InÃcio e Duração
Na tradição sefaradita, a recitação das Selichót para as Grandes Festas começa no segundo dia do mês hebraico de Elul. Isso implica que os judeus sefaraditas recitam as Selichót durante todo o mês de Elul, totalizando aproximadamente 30 dias de orações penitenciais antes de Rosh Hashaná. Essa prática está alinhada com a tradição de dedicar um perÃodo de 40 dias à oração de perdão, um tempo que ecoa os 40 dias que Moisés passou no Monte Sinai. Essa abordagem sugere um processo gradual e sustentado de refinamento espiritual, enfatizando a eficácia do esforço consistente e prolongado para se aproximar do Divino.
Por outro lado, na tradição ashkenazita, as Selichót começam na noite de sábado (Motsaê Shabat) anterior a Rosh Hashaná. A data exata de inÃcio depende de quando Rosh Hashaná cai na semana: se o primeiro dia de Rosh Hashaná coincidir com uma quinta-feira ou sábado, as Selichot são recitadas a partir da noite de sábado imediatamente anterior. Se Rosh Hashaná cair em uma segunda- feira ou terça-feira, as Selichót são iniciadas na noite de sábado da semana anterior, garantindo que as orações sejam recitadas por pelo menos quatro vezes.  A razão para esse mÃnimo de quatro dias pode estar ligada a uma antiga prática de jejum de dez dias durante o perÃodo de arrependimento, com quatro dias adicionados para compensar os dias em que o jejum é proibido (os dois dias de Rosh Hashaná, Shabat Shuvá e a véspera de Iom Kipúr). Alternativamente, os quatro dias podem simbolizar o tempo necessário para examinar uma oferenda sacrificial em busca de defeitos, uma metáfora para a autoavaliação intensiva antes do Dia do JuÃzo. Essa prática, mais concentrada no tempo, aponta para uma ênfase na autoanálise intensiva e focada, uma preparação mais urgente para o julgamento iminente.
Variações Litúrgicas e de Formato
As diferenças não se limitam apenas ao calendário, mas também se manifestam na própria liturgia e na atmosfera dos serviços. Nas comunidades sefaraditas, os serviços de Selichót são frequentemente idênticos a cada dia. A atmosfera é caracterizada por mais canto e um tom que evoca a imagem de um “filho falando ao pai” em busca de perdão, transmitindo uma sensação de intimidade e menos pressa.
Em contraste, na tradição ashkenazita, embora o formato geral permaneça consistente, o texto e a duração de orações especÃficas, conhecidas como piutim (poemas litúrgicos), variam diariamente. Os piutim ashkenazitas são descritos como mais complexos, o que pode resultar em menos canto coletivo. A atmosfera é frequentemente de “trepidação”, com um senso de “medo” e “angústia”, onde o chazan (cantor) representa a comunidade em um estado de nervosismo e súplica fervorosa. Essa diferença no estilo litúrgico não é meramente estética; ela reflete abordagens comunitárias distintas à relação com Deus durante o perÃodo penitencial — uma mais focada na reverência ao julgamento, a outra na compaixão e acessibilidade Divina.
A estrutura geral do serviço de Selichót, embora com variações, geralmente começa com o Salmo 145 (Ashrê) e o Meio Cadish, seguido pelas orações penitenciais que incluem os piutim. O ponto focal de toda a oração é a recitação dos Treze Atributos de Misericórdia. Em relação à recitação de Selichót em Iom Kipúr, as comunidades sefaraditas e algumas ashkenazitas ocidentais mantêm a prática de recitá-las em todas as orações do dia.
Conheça as principais distinções entre as práticas de Selichót sefaraditas e ashkenazitas:
CaracterÃstica | Tradição Sefaradita | Tradição Ashkenazita |
InÃcio da Recitação | 2º dia de Elul | Noite de sábado anterior a Rosh Hashaná (mÃnimo de 4 dias) |
Duração | Todo o mês de Elul (aprox. 30 dias) | Poucos dias (mÃnimo de 4) |
Frequência Diária | Geralmente diária, antes do amanhecer | Geralmente diária, antes do amanhecer |
Identidade Litúrgica | Serviços geralmente idênticos a cada dia | Texto e comprimento de orações variam diariamente |
Atmosfera/Estilo | Mais canto, tom de “filho falando ao pai”, menos pressa | Menos canto, piutim mais complexos, tom de “trepidação” e “angústia” |
Recitação em Iom Kipúr | Presente em todas as orações após a repetição do Chazan | Varia (alguns não recitam exceto em Maariv e na Neilá, outros em todas) |
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