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Calendário Judaico Contagem do Ômer

Por que razão se faz a Contagem do Ômer?

As razões das mitsvót

O povo judeu não busca razões lógicas para o cumprimento das mitsvót; o mero fato de Deus tê-las ordenado é razão suficiente para a realização de qualquer mitsvá com entusiasmo. Se mesmo assim os nossos sábios nos ofereceram razões para o cumprimento de uma mitsvá, então o entendimento dessas razões – ao nível de nossa limitada capacidade de compreensão – é, por si só, uma mitsvá – de compreender aquilo que pode ser compreendido. Assim como o coração da pessoa deve servir Deus plenamente, assim também as outras faculdades do homem e a sua inteligência devem servir Deus com o melhor de suas capacidades. E com relação às razões das mitsvót que os sábios não viram por bem revelar, é suficiente que o homem entenda que elas – assim como todas as demais – são uma manifestação da vontade e sabedoria de Deus, e como tal, encontram-se além da compreensão humana. Reconhecer isso é a expressão máxima de apego ao serviço de Deus.

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Muitas razões foram dadas pelos nossos sábios para a mitsvá da contagem do ômer. O Rabênu Nissím, no seu comentário sobre o tratado Pessachím, escreve:

Quando Moisés disse aos filhos de Israel, ainda no Egito: “Servireis a Deus,” eles lhe perguntaram: “Quando isso ocorrerá?”. Ele respondeu: “Ao fim de 50 dias.” Então cada um começou a fazer a sua contagem. Foi com base nisso que os sábios instituíram a contagem do ômer.

Atualmente não podemos mais executar o serviço Divino no Templo de Jerusalém, nem podemos mais oferecer o ômer em Pêssach ou as primícias em Shavuót. A única maneira de executarmos o serviço Divino hoje é assumindo sobre nós o jugo da Torá. Nós nos preparamos para isso – fazendo a contagem do ômer – assim como os nossos antepassados se prepararam ainda antes da entrada na Terra de Israel, quando tampouco podiam trazer a oferenda de ômer. A contagem deles, assim como a nossa, foi uma preparação para o momento em que receberiam a Torá.

Isso pode ser comparado ao caso de um príncipe que encontrou um homem no fundo de um poço. O príncipe disse a ele: “Eu tirarei você do poço, e depois de algum tempo, lhe darei a mão de minha filha em casamento.” O homem no poço ficou muito feliz e pensou: “Ele não só está disposto a me tirar daqui, como ainda me dará a filha em casamento!” O príncipe cumpriu a sua promessa e tirou-o do poço, e depois de vesti-lo com roupas finas, presenteou-o com prata e ouro. Quando o homem viu que as promessas do príncipe estavam se concretizando, ele começou a contar os dias, ansioso pelo momento em que o resto da promessa real seria cumprido.

No Sefer Hachinuch consta:

A essência do povo judeu é a Torá; para ela o céu e a terra foram criados. Foi especialmente por ela que os israelitas foram salvos do Egito; para que eles pudessem recebê-la no Monte Sinai e cumpri-la… portanto ela é mais importante do que a própria libertação da servidão. É por isso que fomos ordenados a fazer a contagem, do dia posterior ao Iom Tov de Pêssach até o dia em que a Torá foi outorgada – para demonstrarmos o nosso enorme anseio pela chegada desse dia meritório, como um escravo que [passa o dia fustigado pelo Sol] ansiando por sombra e pensa: “Quando esse momento finalmente chegará?”. Pois fazer uma contagem para chegar a uma data determinada demonstra que todas as nossas esperanças e expectativas são direcionadas para esse dia.

Vale ressaltar que contamos os dias que passaram e não os dias que ainda temos pela frente, pois é desalentador pensar em quão distantes estamos da data ansiada, mas é animador pensar em todos os dias que já transcorreram.

O Abudraham oferece duas outras razões para a contagem do ômer:

Já que nessa época todo o povo se ocupa com a colheita e fica disperso pelos campos, Deus nos ordenou a fazer a contagem dos dias até a próxima festa de peregrinação, para que ninguém se esqueça de subir a Jerusalém na época requerida.

Além disso, todos ficam inquietos nos dias que separam Pêssach de Shavuót, por ser a época que define se a suas plantações vingarão, conforme consta no Tratado de Rosh Hashaná no Talmud: “Por que a Torá nos ordena a trazer a oferenda de ômer em Pêssach? Para que os grãos nos campos sejam abençoados. E por que ela nos ordena a trazer a oferenda dos dois pães em Shavuót? Para que os frutos das árvores sejam abençoados. E por que ela nos ordena a fazer a libação da água em Sucót? Para que as chuvas do ano sejam chuvas de bênção.” É por isso que Deus nos ordenou a contar esses dias, para recordarmos a inquietação da humanidade nessa época e retornarmos a Ele de todo coração, implorando pela Sua misericórdia tanto sobre nós quanto sobre toda a Criação.

 

O texto para a Sefirat Haômer encontra-se no SIDUR COMPLETO, págs. 210-215; e no SIDUR COMPLETO SEFARADI , págs. 160-163.


O Livro do Conhecimento Judaico

Trecho extraído da obra Livro do Conhecimento Judaico [Sêfer Hatodaá], O Ano Hebreu e Seus Dias Significativos
Autor: Eliahu Kitov
Editora Sêfer
Páginas: 656

Verdadeira enciclopédia de conhecimento judaico, descreve e comenta profundamente o calendário judaico – seus dias de festa e de jejum, de alegria e de tristeza -, bem como o significado de suas leis e costumes, acompanhado de rico manancial de comentários do Midrash e de ideias inspiradoras de sábios antigos e contemporâneos. É livro obrigatório em cada lar judaico e biblioteca. Quer conhecer antes de comprar?

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