Conteúdo a seguir foi extraído do livro: MITOS e FATOS: A verdade sobre o conflito árabe-israelense, de Mitchell G. Bard – Editora Sêfer.
Hoje, as fake news e a desinformação do público em geral são um tipo de munição na guerra paralela travada nas redes socias que muitos (não todos!) colunistas e analistas”de canais de televisão usam para embasar suas opiniões – mesmo quando eles mesmos sabem que o que estão dizendo é absurdo e tendencioso.
Este livro dá aos leitores informações concretas e verídicas (e suas fontes) sobre o que de fato aconteceu e como os fatos se desenrolaram.
Daí, VOCÊ TIRARÁ SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES, e não ficará à mercê das posições pessoais que eles querem te vender!
A finalidade deste livro não é opinar, e sim informar!
MITO
“Os judeus não têm direito à terra que eles chamam de Israel.”
FATO
É um erro comum achar que todos os judeus foram forçados à Diáspora pelos romanos após a destruição do segundo templo de Jerusalém, no ano 70 E.C.,1 e que só 1.800 anos depois regressaram à Palestina exigindo seu país de volta. Na realidade, o povo judeu tem mantido laços com sua pátria histórica por mais de 3.700 anos.
Os judeus fundamentam o seu direito a Israel em pelo menos quatro premissas: 1) Foram eles que colonizaram e desenvolveram aquela terra; 2) A comunidade internacional concedeu soberania política aos judeus na Palestina; 3) O território foi tomado em guerras defensivas; 4) Deus prometeu a terra ao patriarca Abraão.
Mesmo após a destruição do segundo templo de Jerusalém e do início do exílio, a vida em Israel continuou e floresceu normalmente. Grandes comunidades se restabeleceram em Jerusalém e Tiberíades por volta do século IX. No século XI, havia concentrações judaicas em Rafah (em hebraico, Rafíah), Gaza, Ashkelon, Iafo (Jaffa) e Cesareia.
Os cruzados massacraram muitos judeus durante o século XII, mas a comunidade se recuperou nos dois séculos seguintes, quando um grande número de rabinos e peregrinos judeus imigrou para Jerusalém e Galileia. Rabinos proeminentes se radicaram em Safed, Jerusalém e outros lugares durante os 300 anos seguintes. No início do século XIX – anos antes do nascimento do movimento sionista moderno – mais de dez mil judeus viviam ao longo do que hoje é Israel.2 Os 78 anos de construção da nação, iniciados em 1870, culminaram com o restabelecimento do Estado judeu.
“Ninguém presta qualquer favor a Israel por proclamar o seu ‘direito à existência’. O direito de Israel existir, assim como o dos Estados Unidos, Arábia Saudita e outros 152 países, é axiomático e incondicional. A legitimidade de Israel não está suspensa no ar, à espera de reconhecimento… Certamente não há outro país, grande ou pequeno, jovem ou velho, que iria considerar o simples reconhecimento do seu ‘direito à existência’ como um favor ou uma concessão negociável”.
– Abba Eban3
A “certidão de nascimento” internacional de Israel foi validada pela promessa bíblica; a presença judaica ininterrupta dos tempos de Josué em diante; a Declaração Balfour de 1917; o Mandato da Liga das Nações, que incorporou a Declaração Balfour; a resolução da partilha pelas Nações Unidas em 1947; o ingresso de Israel nas Nações Unidas em 1949; seu reconhecimento pela maioria dos países; e, sobretudo, tem sido validada pela sociedade criada em Israel nas décadas de existência nacional próspera e dinâmica.
MITO
“A Palestina sempre foi um país árabe.”
FATO
Acredita-se que o termo Palestina tenha origem entre os filisteus, um povo egeu que, no século XII A.E.C., estabeleceu-se ao longo da planície costeira mediterrânea onde ficam agora Israel e a Faixa de Gaza. No século II, após esmagarem a última revolta judaica, os romanos usaram pela primeira vez o nome Palaestina para se referir à Judéia (a região sul do território da atual Cisjordânia), numa tentativa de minimizar a identificação judaica com a terra de Israel. A palavra árabe Filastin vem deste nome latino.4
Os hebreus chegaram a Israel por volta de 1.300 A.E.C. e viveram em uma confederação tribal até se unificarem sob o primeiro monarca, o rei Saul, cujo filho, o rei Davi, escolheu Jerusalém como capital por volta de 1.000 A.E.C. O rei Salomão, filho de Davi, construiu o templo pouco depois e consolidou as funções militares, administrativas e religiosas do reino. A nação foi dividida durante o reinado do filho de Salomão: o Reino do Norte (Israel) durou até 722 A.E.C., quando os assírios o destruíram; e o Reino do Sul (Judá) sobreviveu até a conquista babilônica em 586 A.E.C. Depois disso, os judeus desfrutaram de breves períodos de soberania, antes que a maioria fosse finalmente expulsa de sua pátria, no ano 135 E.C.
A independência judaica na terra de Israel durou mais de quatro séculos. Isto é, muito mais do que os americanos já desfrutaram da independência na terra que ficou conhecida como Estados Unidos.5 De fato, se não fosse pela cobiça dos conquistadores estrangeiros, hoje em dia Israel teria três mil anos.
A Palestina nunca foi uma região exclusivamente árabe, embora a língua árabe tenha se tornado, com o tempo, o idioma da maior parte da população, após as invasões muçulmanas do século VII. Jamais existiu algum país árabe ou palestino independente na Palestina. Quando o professor Philip Hitti, destacado historiador americano de origem árabe que lecionou na Universidade de Princeton, se pronunciou contra a partilha, diante do Comitê Anglo-Americano, em 1946, foi incisivo: “Não existe, absolutamente, na História, a (nação) Palestina”.6
Antes da partilha, os palestinos não se viam como possuidores de uma identidade em separado. Quando o I Congresso das Associações Muçulmanas e Cristãs se reuniu em Jerusalém, em 1919, para eleger representantes palestinos à Conferência de Paz de Paris, foi adotada a seguinte resolução: “Consideramos a Palestina como parte da Síria árabe, já que esta nunca se separou daquela em tempo algum. Estamos ligados por vínculos nacionais, religiosos, linguísticos, naturais, econômicos e geográficos”.7
Em 1937, um líder árabe local, Auni Bey Abdul-Hadi, disse à Comissão Peel,7a que finalmente recomendou a partilha da Palestina: “Não existe tal país! Palestina é um termo inventado pelos sionistas! Não existe Palestina na Bíblia. Nosso país foi parte da Síria durante séculos”.8
O representante do Supremo Comitê Árabe para as Nações Unidas enviou uma declaração à Assembleia Geral da ONU em maio de 1947, que dizia: “A Palestina era parte da Província da Síria (…) politicamente, os árabes da Palestina não eram independentes no sentido de formar una entidade política em separado”. Alguns anos depois, Ahmed Shuqeiri, que seria presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP),8a disse ao Conselho de Segurança da ONU: “É de conhecimento público que a Palestina não é mais do que o sul da Síria”.9
O nacionalismo árabe palestino é, portanto, fenômeno posterior à Primeira Guerra Mundial. E só veio a se converter em movimento político importante após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel ocupou a Cisjordânia.
MITO
“Os palestinos são descendentes dos cananeus e já estavam na Palestina muito antes dos judeus”.
FATO
A identificação dos palestinos com os cananeus é uma alegação recente e sem evidência histórica. Os cananeus desapareceram há três milênios e ninguém sabe se qualquer de seus descendentes sobreviveu ou, em caso positivo, quem seriam. Fonte insuspeita, o xerife (governante) Hussein, guardião dos lugares sagrados islâmicos da Arábia, disse que os ancestrais dos palestinos só haviam estado na região por mil anos.10
Os próprios palestinos reconhecem que chegaram à região muito depois dos judeus. Um exemplo disso é que, em 1946, numa reunião com o Comitê Anglo-Americano, eles reivindicaram uma ligação com a Palestina por mais de mil anos, remontando a não mais do que à conquista dos seguidores de Maomé no século VII.11 E até mesmo essa reivindicação é duvidosa. Nos últimos dois mil anos, aconteceram as Cruzadas (que resultaram na matança da população local), migrações, epidemias e outros desastres naturais ou causados pela ação do homem. Toda a população local foi reposta muitas vezes. Apenas durante o Mandato Britânico, mais de cem mil árabes emigraram de países vizinhos e hoje são considerados palestinos.
Em contrapartida, nenhum historiador sério questiona os mais de três mil anos da ligação judaica com a terra de Israel e nem a relação dos judeus modernos com os antigos hebreus.
MITO
“A Declaração Balfour não deu aos judeus o direito a uma pátria na Palestina.”
FATO
Em 1917, a Grã-Bretanha promulgou a Declaração Balfour, declarando-se a favor do estabelecimento, na Palestina, de um lar nacional para o povo judeu, e comunicando que se empenharia em favor desse objetivo. O documento deixou claro que nada deveria ser feito que pudesse prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não-judaicas existentes na Palestina ou os direitos e status político desfrutados pelos judeus em qualquer outro país.
O Mandato para a Palestina incluía a Declaração Balfour. Ela se referia especificamente às “ligações históricas do povo judeu com a Palestina” e à validade moral de “reconstituir o seu lar nacional naquele país”. O termo reconstituir significou o reconhecimento do fato de que a Palestina havia sido o lar dos judeus. Além do mais, os britânicos foram instruídos a “prestar os seus melhores esforços para facilitar” a imigração judaica, estimular o assentamento na terra e “assegurar” o lar nacional judaico. A palavra árabe não aparece em momento algum no texto.12
O Mandato foi formalizado pelos 52 governos representados na Liga das Nações (antecessora da Organização das Nações Unidas) em 24 de julho de 1922.
MITO
“A tradicional posição dos árabes na Palestina foi colocada em risco pelo assentamento judaico.”
FATO
Durante muitos séculos, a Palestina teve uma população esparsa, com uma terra pobremente cultivada e composta em grande parte de colinas erodidas e negligenciadas, desertos arenosos e pântanos infectados de malária. Em 1880, o cônsul americano em Jerusalém chegou a dizer num documento que a região seguia em seu declínio histórico: “A população e a riqueza da Palestina não crescem há 40 anos”.13
O Relatório da Comissão Real (inglesa) para a Palestina cita uma relação da Planície Marítima de 1913:
“A estrada que vai de Gaza ao norte era só uma pista de verão, adequada para o transporte em camelos e carretas (…) nenhum laranjal; pomares ou vinhedos só eram vistos ao se alcançar (a aldeia judaica de) Yabna (Yavne) (…) As casas eram todas de barro, sem janelas por onde alguém poderia ser visto (…) Os arados usados eram de madeira (…) Os ganhos eram muito poucos (…) As condições sanitárias nos povoados era horríveis. Não havia escolas (…) A parte ocidental, em direção ao mar, era praticamente um deserto (…) As aldeias nessa área eram raras e tinham poucos habitantes. Muitas ruínas de povoados estavam dispersas pela região, lugares abandonados pelos moradores devido à malária”.14
Lewis French, diretor de Desenvolvimento britânico, escreveu sobre a Palestina:
“Nós a encontramos habitada por felahin (camponeses árabes) que viviam em casebres de barro e padeciam severamente da malária reinante (…) Grandes áreas (…) estavam sem cultivo (…) Os felahin, quando eles mesmos não roubavam gado, estavam sempre dispostos a oferecer abrigo a esses e a outros criminosos. Os lotes individuais (…) trocavam anualmente de mãos. Havia pouca segurança pública e a vida dos felahin se alternava entre os saques e a chantagem por parte de seus vizinhos, os beduínos. Surpreendentemente, muita gente que não simpatizava com a causa sionista acreditava que os judeus melhorariam as condições dos árabes palestinos”.15
Foi o caso de Dawood Barakat, editor do jornal egípcio Al-Ahram, que escreveu:
“É absolutamente necessário que os sionistas e os árabes cheguem a um entendimento porque a guerra de palavras só pode fazer mal. Os sionistas são necessários ao país. O dinheiro que vão trazer, seu conhecimento, sua inteligência e a capacidade de trabalho que os caracteriza contribuirão, sem dúvida, para o soerguimento do país”.16
Mesmo um dirigente nacionalista árabe acreditava que o retorno dos judeus à sua terra natal ajudaria a ressuscitar o país. O xerife Hussein afirmou:
“Os recursos do país ainda estão no solo virgem e serão desenvolvidos pelos imigrantes judeus. Uma das coisas mais surpreendentes até os tempos recentes era que o palestino costumava abandonar seu país, vagando por alto-mar em toda direção. O solo nativo era incapaz de segurá-lo, embora seus antepassados tenham vivido nele por mil anos. Ao mesmo tempo, chegam à Palestina judeus de muitos países – Rússia, Alemanha, Áustria, Espanha e do continente americano. A maior das causas não poderia escapar àqueles que tinham uma capacidade mais profunda de discernimento. Eles sabiam que o país era para seus filhos originais (abna’ihilasliyin), apesar de todas as diferenças entre eles, uma pátria sagrada e amada. O retorno desses exilados (jaliya) à sua terra natal provará ser material e espiritualmente uma escola experimental para seus irmãos que estão com eles nos campos, nas fábricas, nas empresas e todas as coisas relacionadas à labuta e ao trabalho”.17
Tal como Hussein previra, a recuperação econômica da Palestina e o crescimento de sua população só aconteceram depois do retorno maciço dos judeus.
Para baixar o livro inteiro, acesse: MITOS e FATOS: A verdade sobre o conflito árabe-israelense
Notas
1 AEC (Antes da Era Comum) e EC (Era Comum), para os períodos geralmente denominados AC e DC (NT).
2 Dan Bahat, ed. Twenty Centuries of Jewish Life in the Holy Land. The Israel Economist (1976), pág. 61-63.
3 Abba Eban (1915-2002). Estadista, diplomata, professor e líder sionista nascido na África do Sul. Foi um dos criadores de Estado de Israel e artífice do reconhecimento do novo país pelas Nações Unidas. Hábil negociador, ocupou os postos de embaixador de Israel nos Estados Unidos e na ONU, simultaneamente, entre 1950 e 1959, e o Ministério das Relações Exteriores de Israel, de 1966 a 1974. New York Times, 18 de novembro de 1981.
4 Yehoshua Porath. The Emergence of the Palestinian-Arab National Movement, 1918-1929, Londres: Frank Cass, 1974, pág. 4.
5 Max Dimont. Jews, God and History, New York, 1962, pág. 49-53.
6 Jerusalem Post (2 de novembro de 1991).
7 Yehoshua Porath. Palestinian Arab National Movement: From Riots to Rebellion: 1929-1939, vol. 2. Londres: Frank Cass and Co., Ltd., 1977, pág. 81-82.
7a Comissão Peel. Formada pela Inglaterra em 1937, chefiada por Lord Peel, para investigar o conflito árabe-judeu na Palestina e encontrar uma solução.
8 Jerusalem Post (2 de novembro de 1991).
8a Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Criada em Jerusalém em 1964, a partir do Fatah, movimento guerrilheiro fundado por Yasser Arafat.
9 Avner Yaniv. PLO. Jerusalém, Israel Universities Study Group of Middle Eastern Affairs, agosto de 1974, pág. 5.
10 Al-Qibla (23 de março de 1918), citado em Samuel Katz, Battleground-Fact and Fantasy in Palestine. New York: Bantam Books, 1977, pág. 128.
11 Governo britânico. Relatório do Comitê de Inquérito Anglo-Americano, 1946, parte 6 (20 de abril de 1946).
12 Howard Sachar. A History of Israel: From the Rise of Zionism to Our Time. New York: Alfred A. Knopf, 1979, pág. 129.
13 Ben Halpern. The Idea of a Jewish State. Massachusetts: Harvard University Press, 1969, pág. 108.
14 Relatório da Comissão Real para a Palestina, pág. 233.
15 Relatório da Comissão Real para a Palestina, págs. 259-260.
16 Neville Mandel. Attempts at an Arab-Zionist Entente: 1913-1914. Middle Eastern Studies, abril de 1965, pág. 243.
17 Al-Qibla (23 de março de 1918), citado em Samuel Katz. Battleground-Fact and Fantasy in Palestine. New York: Bantam Books, 1977, pág. 128.