Esta semana celebramos o aniversário da reunificação de Jerusalém durante a Guerra dos Seis Dias. Embora seja um dia festivo em quase toda Jerusalém, é menos festejado em outras comunidades em Israel e na Diáspora. O pós-sionismo e a mídia esquerdista retiraram toda a alegria, entusiasmo e maravilha de se viver num Estado judeu e, certamente, a excitação e o significado histórico de se viver na cidade santa de Jerusalém.
A cidade cujo nome inspirou os judeus através dos tempos a manter vivo o sonho; a cidade que representou o glorioso passado e o ainda mais glorioso futuro de Israel, tornou-se aos olhos de muitos somente um lugar no mapa, no máximo equivalente ao Cairo ou a Bangcoc. É agora uma cidade cuja propriedade deve ser negociada como parte de algum fictício plano de paz, com inimigos que riem da nossa inépcia e ingenuidade.
Não me parece exagerado dizer que conforme anda Jerusalém, assim marcha o futuro do povo judeu e da Terra de Israel. O conceito de Jerusalém de Ouro deu lugar à dura realidade de insuportáveis congestionamentos de trânsito, bairros superpovoados e difíceis relações com nossos cidadãos árabes. Embora eles proclamem em altos brados seu desgosto com a “ocupação”, aparentemente muito poucos (se é que há alguns) querem desistir do seu direito de viver na cidade sob soberania israelense, a se juntar a seus irmãos no “paraíso” da Autoridade Palestina atrás da “maldita” barreira de segurança. Em função de tudo isso, pode-se ter um sentimento desencorajante sobre Jerusalém e seu atual status se pensarmos somente em seu presente, sua realidade e seus problemas.
Mas Jerusalém sempre foi mais do que o presente e sua realidade. É a “cidade que nos une a todos”. Está acima do tempo e do espaço. É a cidade do Rei David, de Isaías e do Rabinos Israel Salant e Aryeh Levin. É o Monte do Templo e a Cidade de David, o Monte das Oliveiras e a Colina da Munição. É um lugar de mistério e história, de inspiração e destino. Não pode se medido em termos comuns porque flutua acima da natureza e sua realidade.
Representa a totalidade da história judaica, o que realmente nos ocorreu como povo e o que ainda está por vir. Não pode ser definida por marchas, bandeiras, paradas e saudações, embora esses coisas sejam indubitavelmente meios necessários para fortalecer nossa sensação. É um sonho, um ideal, uma visão do que ainda vai acontecer. E por tudo isto é tão difícil de reconciliá-la com a realidade presente.
A grandeza da Torá e da observância judaica foi sua capacidade e habilidade de transformar ideias por vezes efêmeras e traduzi-las em comportamentos humanos práticos. Por exemplo, o conceito de caridade e bondade para com os outros, certamente uma abstração, é definida e traduzida no Shulchan Aruch em instruções de comportamento e ação. Entretanto, Jerusalém não possui um livro de orientações ou um folheto de instruções. É o próprio povo que precisa criar a Jerusalém de Ouro em seus corações, mentes e almas. Assim, a própria Jerusalém se torna um lugar de teste e a “mesa de sonorização” das nossas habilidades espirituais e maturidade. Se enxergarmos somente a Jerusalém física que nos cerca, e não a eterna cidade sagrada que ela realmente é, falharemos no teste da nossa própria espiritualidade.
No pensamento judaico, há um conceito sobre a “Jerusalém do alto” (shel mala), a perfeita e santa Jerusalém que existe, por assim dizer, nos céus, flutuando sobre a “Jerusalém de baixo” (shel mata), a Jerusalém terrestre desse mundo mundano. Foi o conceito da Jerusalém celeste que manteve os judeus vivos e esperançosos durante a nossa longa noite de exílio e separação da Terra de Israel.
A Jerusalém celeste não tem congestionamento de transito, facções envolvidas em disputas políticas, impostos a serem pagos e ruas inatingíveis. Nossa Jerusalém terrestre não se enquadra nesse gabarito. Mas a tarefa dos judeus, aqui e em todos os lugares e tempos, é elevar a Jerusalém terrestre de modo que se pareça cada vez mais com a celeste.
Isso pode ser um objetivo irrealizável por inteiro, mas deve, apesar de tudo, permanecer como tal. Enquanto a Jerusalém celeste estiver presente diante nós e influenciar nossas vidas, decisões e aspirações, a Jerusalém terrestre não será apenas um ponto geográfico. Ter essa atitude, proposito e visão nos permitirá andar pelas ruas de Jerusalém nos dias de hoje e ter Hilel e o Rabino Akiva por companheiros em nosso passeio. Em tal companhia, as pedras de Jerusalém se transformarão na Jerusalém de Ouro.
Trecho extraído do livro ECOS DO SINAI- Uma viagem pelo calendário judaico
Autor: Berel Wein
Editora Sêfer
Páginas: 261
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Shalom Adonai. Quero e desejo muito aprender o Hebraico. Não sou Israelense, mas me sinto tal, pois amo o povo Judeu, amo Israel.