O judaísmo tece o compromisso através de todo o tecido da vida, colocando símbolos por toda a parte – até nas roupas que nós usamos.
Talit e Tsitsít
Aqui, novamente, a Torá usa objetos concretos do dia-a-dia para nos recordar de nossas obrigações religiosas e morais, e estabelecer uma disposição de evitar que nossos corações se percam, para expressar gratidão e para nos colocar na direção certa. Os Tefilín dão aos judeus uma convenção que dirige o cérebro e as mãos do ser humano para empreendimentos úteis e criativos. Não há símbolo mais definitivo da identidade judaica do que pôr Tefilín. Frequentemente, os homens começam a pôr Tefilín no Bar Mitsvá (símbolo da passagem para a idade adulta, por excelência) e usam-nos todos os dias da semana durante anos até que, de repente, um dia eles param – ou porque entraram para o exército, na faculdade, ou não moram mais com os pais. Este dia é explicitamente recordado como uma mudança em sua vida religiosa, o primeiro momento de compromisso com o mundo secular. Frequentemente, anos mais tarde, aos trinta, quarenta ou até mesmo oitenta anos de idade, alguém lhe oferece os Tefilín novamente – talvez após o retorno à sinagoga por causa da morte de um dos pais – e ele retoma este ato piedoso. Todo o complicado raciocínio e teorias bem construídas não poderiam ter mantido a oração ou a Torá tão vivas quanto estes objetos curiosos e de aparência estranha.
Kipá
Cobrir a cabeça é um sinal de respeito no oriente tanto quanto descobrir a cabeça o é no ocidente. Usar chapéu num restaurante, biblioteca ou reunião de diretoria é sinal de falta de boas maneiras. Não usar um nos serviços religiosos é sinal de pouca fé. Os judeus têm o costume de cobrir a cabeça há pelos menos 2 mil anos, especialmente durante o estudo e a oração; e as mulheres judias casadas, desde os tempos bíblicos.
O Talmud registra que um homem não deve andar mais de sete passos (“quatro amót”) com a cabeça descoberta. Um rabino observou que usar a Kipá, ou solidéu, não torna um homem religioso, mas não usar uma coloca sua religiosidade em dúvida. Hoje em dia é raro que alguém reze com a cabeça descoberta.
Não há forma haláchica prescrita para cobrir a cabeça. O estilo atual de Kipá é uma questão de gosto, e também de identidade. Nos Estados Unidos e Israel, os judeus tradicionais usam Kipót de uma só cor, os centristas e sionistas usam um tricotado preso ao cabelo com um grampo ou clipe (ou até velcro!); estudantes de Yeshivá de direita usam Kipót grandes de veludo de cores brilhantes; os Chassidim usam as pretas com chapéus por cima; algumas crianças pequenas usam as coloridas. Com o aumento da liberdade e, especialmente, com a independência de Israel, a Kipá começou a ser usada como parte normal da indumentária judaica tradicional, e foi considerada aceitável em escritórios e outros locais de trabalho. Existem, porém, alguns observantes tradicionais que só colocam a Kipá antes de abençoar a comida ou rezar na sinagoga.
Sha’atnez
Existe uma injunção bíblica contra a mistura de linho e lã na fabricação e uso de roupas. Essencialmente, Sha’atnez é uma das leis para as quais não é fornecido o motivo. Muitos mestres brilhantes tentaram, durante os últimos 35 séculos, entender o sentido da mesma. Por exemplo, Maimônides cita o empenho bíblico em desenraizar o costume que os sacerdotes idólatras tinham de misturar estes dois materiais como símbolo de poder sobre os reinos vegetal e animal. Outros sustentam que é parte das proibições bíblicas contra misturar coisas – como arar com uma vaca e um jumento juntos, comer carne com leite. O judaísmo esforça-se resolutamente para manter a integridade dos animais, vegetais e outros materiais. Ou seja, Deus tem Seus motivos.
SÍMBOLOS NO LAR
Assim como a marca da Torá está impressa na roupa, também existe uma marca no lar, a Mezuzá. Literalmente, trata-se de um trecho da Torá colocado sobre o batente da porta para servir como um sinal para os residentes e seus visitantes. Ela transforma o movimento rotineiro e prosaico de entrar e sair de casa em um encontro com Deus e com o judaísmo. Não é de se admirar que os judeus sejam chamados de “viciados em Deus”. Os judeus planejaram para que Deus e Sua Torá fossem lembrados em todos os lugares e durante toda a sua existência.
Mezuzá
Os judeus afixam-na nos batentes das suas casas, quartos, escritórios e salões de jogos. A Mezuzá é uma pequena caixa contendo trechos da Torá inscritos à mão num pergaminho. Mezuzá, na verdade, é a palavra hebraica para batente da porta. É o sinal de que uma família judia está morando naquela casa ou apartamento. A palavra Shadai (um acróstico para Deus, “O Guardião dos portões de Israel”) está inscrita na caixa da Mezuzá.
A Mezuzá é colocada a dois terços da altura total do batente da porta, do lado direito e, inclinada com o topo apontando para o interior da casa ou quarto. A caixa sem o pergaminho é inútil. Um pergaminho feito à máquina também não é válido. E o uso de uma Mezuzá pequena como pingente em um colar, em volta do pescoço, também não tem valor religioso. É costume dos jovens americanos, provavelmente para se identificarem e, até certo ponto, na medida em que mostra orgulho de seu judaísmo, é válido. Um pergaminho Casher enrolado em uma fita transparente é aceitável; a caixa ou invólucro só serve para proteger o pergaminho. A caixa, por si só, nada significa.
Texto extraído da obra Bem-Vindo ao Judaísmo, de Maurice M. Lamm.
Imagem de Andrew Shiva/Wikipedia (CC BY-SA 4.0)
Laila tive. Linda mensagem de tardicão e religiosidade, parbelizo a todos. Shalom.
É muito interessante e bom que os Judeus cumpram estas tradições. Shalom.
Eu gostaria de saber, sobre alguns vestimentas do povo judaico, sendo que as suas roupas são terno preto e camisa branca.
trata-se apenas de um costume de algumas comunidades
Tenho dúvida sobre a vestimenta das Judiaselas usam lenço tichel ou peruca etc….tem alguma comunidade que cobre o pescoço ou somente as muçulmanas…
Grata…Shalom
tem comunidades pequenas que cobrem mais, sim. porém não é uma lei, apenas um costume destas comunidades.
Admiro a perseverança dos judeus, bem como a disciplina e obediência aos mandamentos do Eterno. Trazer Deus para o cotidiano e fazê-lo lembrado em todas as ações diárias é realmente admirável!!! Shalom a todos da Comunidade Judaica.
Mulher pode usar tistsit?
Carlos, a mulher não precisa usar, é uma lei apenas para os homens…
Estou aprendendo sobre cultura judaica e amando, admirando demais seu amor e respeito pelo Eterno. Cresce um amor grande por esse povo que foi escolhido por Deus.
queria saber quais são as vestimentas que os judeus ultilizam na festa de chanucá?
O israelita judeu, usa bermuda(calção) ao público ?
Qual o criterio para o uso do kipe, existe uma regra hierarquica para o tipo de modelo ou mesmo a liberdade do usuario para a escolha da cor ou do tipo que preferir!
Pela resposta, antecipadamente agradeco.
Ubirajara Lins
Se ja fiz a indagacao sobre o criterio para o uso do kipe, existe uma regra hierarquica para o tipo de modelo ou mesmo a liberdade do usuario para a escolha da cor ou do tipo que preferir ainda nao recebi a resposta, por isso a repito!
Pela resposta, antecipadamente agradeco.
Ubirajara Lins